Homem bomba: Eder denunciou esquema ao MP e apontou Nadaf como “cabeça”
O ex-secretário de Fazenda e da Casa Civil Eder Moraes, em depoimentos prestados ao Ministério Público, já havia relacionado o ex-gestor de Indústria e Comércio Pedro Nadaf a suposto esquema ilegal de concessão de incentivos fiscais.
À época, conforme declarações em fevereiro e março do ano passado, Eder citava Nadaf como principal elo e comentou a atuação de Marcel de Cursi, que comandou a pasta de Fazenda, na gestão Silval Barbosa (PMDB), que segue foragido, mas já ingressou com pedido de habeas corpus.
Eder afirmou que a base tributária de frigoríficos, do setor sulpraalcooleiro e do setor atacadista estava corrompida, visto que haveria “uma evasão (de divisas), ‘entre aspas’ tem uma renúncia, não é evasão, no mínimo de R$ 500 milhões ao ano para jogar fora e dizer que eu sou um bobo”, disse à época.
As declarações foram dadas a um grupo de promotores, entre eles Ana Cristina Bardusco, que integra a operação Sodoma; o atual secretário de Segurança Mauro Zaque; Roberto Turim e Marcos Regenold, que intermediou a ida de Eder ao Ministério Público na condição de colaborador.
O ex-secretário, que foi preso por duas vezes durante a Operação Ararath, que apura esquema de lavagem de dinheiro no Estado, chegou a articular uma possível delação. Depois desistiu. Agora tenta anular os depoimentos estes depoimentos concedidos ao MP.De todo modo, à época, Eder pontuou ações irregulares voltadas ao sistema atacadista, sulpralcooleiro e de frigoríficos.
Entre as empresas citadas por ele está a City Lar. Hoje, um dia após a deflagração da operação Sodoma, Florindo José Gonçalves, diretor jurídico da empresa, foi um dos ouvidos na Delegacia Fazendária. À época, Eder chegou até a dizer que Nadaf teria dinheiro no Panamá e na Suíça, mas ponderou que não tinha como provar. O ex-secretário contou que renovações de incentivos aconteciam após analisar a relação de doação de campanha.
“O que na verdade vem por fora você não contabiliza. Você pega uma despesa de campanha aí, fala aí tenho que pagar R$1 milhão pra cidade tal. R$ 1 milhão não sei pra onde, os caras tem logística. Então fazem distribuição, é óbvio que tem retorno na estimativa, aonde que você vai achar retorno na estimativa é quando juntou os pequenininhos, garagem de automóvel, não sei o que, esses aí não tem nada pra arrancar deles, agora esses setores maiores não tenha dúvida”, diz trecho do depoimento de Eder.
Marcel
Sobre Marcel, Eder disse achar difícil que existisse alguma ligação do esquema com o ex-secretário. “Eu conheço o Marcel, ele nunca foi na porta de uma empresa pegar um real, o retorno destas estimativas”. Ainda segundo Eder, o Estado não iria se expor desta forma, por isso, tinha interlocutores articulados como Nadaf.
Operação Sodoma
Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira) – força-tarefa permanente composta pela Delegacia de Combate à Corrupção, Ministério Público, secretaria de Fazenda e Procuradoria-Geral do Estado, com apoio do Sistema de Inteligência do Estado, deflagrou nesta terça (15) a Operação Sodoma.
Durante a ação, foram presos os ex-secretários de Indústria e Comércio Pedro Nadaf, e de Fazenda Marcel de Cursi. Já o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) está foragido. Todos são acusados de participar de esquema de fraudes na liberação de incentivos fiscais.
Segundo a polícia, a operação acontece no âmbito de inquérito policial que investiga uma organização criminosa composta por agentes públicos, que ocuparam cargos do alto escalão do Governo, entre 2013 e 2014, e apura crimes de corrupção e lavagem de dinheiro. (RDNews)