Ele é de Barra: Cover de Amado Batista sonha com carreira na música
O coletor de lixo hospitalar e cantor José Augusto Souza Amado Neto, de 35 anos, não atende por esse nome desde muito jovem. Logo na infância, em Aragarças, no noroeste de Goiás, todos a sua volta diziam o quanto sua voz era parecida com a do músico Amado Batista, ícone romântico. Logo ele se tornou Amado Augusto. Depois de se encantar com as canções do ídolo, José passou por várias dificuldades, entre elas, o furto de todos seus instrumentos em duas ocasiões. Ainda assim, ele não perdeu o sonho de viver da música.
Atualmente, ele vive em Goiânia, mas a paixão pelo cantor começou quando tinha 9 anos de idade, ainda na zona rural da cidade natal. Ele ganhou de uma professora uma fita K-7 com músicas do Amado Batista. “Meus pais, professores e alguns colegas já conheciam o cantor, mas eu não. E aí falavam ‘nossa, sua voz parece a de um cantor chamado Amado Batista’. Quando eu ganhei a fita e finalmente ouvi eu gostei”, disse ao G1.
Em casa com a família ou nos recitais da escola, Augusto estava sempre cantando as músicas de Amado. Desde jovem ele já queria investir na carreira de cantor e tinha o apoio do pai. “A gente ia de vez em quando na cidade e eu cantava às vezes para as pessoas. Na fazenda mesmo, às vezes ele [pai] tocava pandeiro e a gente juntava ali cantando e ele falava pra mim ‘vai em frente’”, contou emocionado.
“A música ‘Princesa’, do Amado, me lembra muito a minha infância, do meu pai contando como conheceu a minha mãe. Eu me identifico muito com as músicas dele, até porque a nossa história é bem parecida”, completou Augusto.
De família humilde, assim como Amado Batista, Augusto tinha que ajudar em casa e, quando completou 10 anos, ia trabalhar em outras fazendas para ajudar na renda. Ele chegava a ficar até três meses sem ver os pais. Um desses retornos não foi tão feliz como os outros.
“Depois de 30 dias fora de casa eu voltei e me disseram que meu pai tinha morrido de cirrose, depois de ter ficado um bom tempo no hospital. Minha mãe ficou meio perturbada e saiu de casa. Com 11 anos, eu tive que cuidar do meu irmão de 9. Minha irmã, de 10 anos, era cuidada pela Apae e tinha ajuda de outras pessoas. Hoje, eu sonho em ainda poder ajudar ela”, disse.
Ao contar a história Augusto lembra da música “Amor Perfeito”, também do ídolo. Em um verso a canção diz “então vi você morrendo sem poder me despedir”. Augusto conta que foi assim que se sentiu ao imaginar o que seu pai passou antes de morrer.
Recomeço
Com a morte do pai e o sumiço da mãe, ele e o irmão foram morar em Barra do Garças, uma cidade vizinha a Aragarças. Apesar dessas dificuldades, Augusto nunca desistiu de cantar.
“As pessoas já me conheciam de alguns recitais na cidade e me chamavam para festivais de música. A primeira vez que eu subi num palco eu tinha 13 para 14 anos. Fui convidado pra participar de um concurso e fiquei em 2º lugar. Depois fui chamado pra participar de outro em uma televisão no Mato Grosso. Ganhei em 1º lugar. Tudo cantando as músicas do Amado”, lembrou.
Ainda com 13 anos, ele se casou e teve uma filha. Augusto fez amigos músicos que o acompanhavam. Esses colegas se juntaram e o ajudaram a gravar um CD com músicas que eles tinham composto juntos. (Do G1 GO)