Preso em Cuiabá, ex-governador comparece a CPI e se diz ‘magoado’
Ao completar 19 dias de prisão, o ex-governador Silval Barbosa (PMDB) compareceu na tarde desta terça-feira (6) à Assembleia Legislativa de Mato Grosso (ALMT) para depor como testemunha convocada da comissão parlamentar de inquérito (CPI) que apura esquemas de sonegação fiscal no estado. Réu por acusação de fraudes na concessão de incentivos fiscais na operação Sodoma, o peemedebista se disse “angustiado” e “magoado profundamente” por, devido a orientação de seus advogados, não poder ainda responder às perguntas dos deputados na CPI, uma vez que, segundo ele, ainda não foi citado do processo penal decorrente da operação Sodoma.
Silval Barbosa deixou o Centro de Custódia de Cuiabá (CCC) nesta terça-feira exclusivamente para depor como testemunha convocada da CPI. Ele entrou no prédio da ALMT pela entrada dos fundos, utilizada pelos deputados, e chegou escoltado ao auditório Milton Figueiredo. O esquema de segurança foi similar ao empregado no último dia 29, quando o ex-secretário de estado Pedro Nadaf, também preso no CCC, compareceu à ALMT para depor à CPI das obras da Copa do Mundo.
“Eu estou hoje aqui com uma responsabilidade muito grande, com dificuldades, magoado profundamente, do fundo do coração, por não poder responder”, lamentou o ex-governador ao presidente da CPI, deputado José Carlos do Pátio (SD), após a leitura das perguntas que seriam feitas pelos membros da comissão.
As perguntas foram lidas pelos demais membros da CPI – os deputados Wilson Santos (PSDB), Emanuel Pinheiro (PR) e Max Russi (PSB) – depois que Silval Barbosa e seus advogados esclareceram que, devido ao andamento do processo penal da operação Sodoma, ele por enquanto deveria se valer do direito constitucional de permanecer em silêncio. O procedimento é de praxe quando interrogados se valem desse direito, mas o ex-governador fez questão de usar da palavra em duas oportunidades durante a sessão da CPI para se justificar e também para defender, em linhas gerais, sua gestão no estado.
“Vocês [deputados] não têm noção de como eu estou me sentindo para cumprir o preceito legal [de permanecer calado], a pedido dos meus advogados. Eu não tenho dificuldade nenhuma de esclarecer todos ou quase todos os questionamentos que foram feitos. Eu me sinto angustiado por conhecer o estado, militando 22 anos consecutivos com dedicação exclusiva para o desenvolvimento desse estado (…) Hoje eu estou aqui acompanhado de dois advogados que não fizeram parte do meu governo. Sempre, em toda CPI, quando alguém vai responder, vai aparelhado de vários assessores. Eu tenho certeza que poderia responder isso aqui quase tudo sozinho pela dedicação que eu tinha com a causa pública”, completou o ex-governador. (Do G1 MT)