Mesmo sem renda, Eder leva vida luxuosa com conta de luz de R$ 5 mil e fatura de cartão de R$ 10 mil
O ex-secretário de Estado Eder Moraes leva um estilo de vida suntuoso, apesar de estar com os bens e contas bloqueados e não ter uma fonte de renda declarada. Por isso, foi alvo da Polícia Federal na 8ª fase da Operação Araratah, que busca descobrir o destino de recursos públicos desviados. A informação é do delegado regional da Polícia Federal, Marco Aurelio Faveri.
Em entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (25), Faveri afirmou que a condução coercitiva de Eder, sua esposa Laura Dias e outras cinco pessoas foi para tentar encontrar o dinheiro usado para bancar os luxos da família. Segundo o delegado, tanto Eder quanto Laura não possuem renda ou profissão declarada, e ele teria usado o nome da esposa para movimentar bens e patrimônio.
Além dos dois, nenhum outro conduzido teve o nome divulgado. A Polícia Federal informou que foram ouvidos um 3º sargento da PM, um funcionário da Sefaz, além de familiares de Laura Dias.
“O dinheiro não é encontrado mas o estilo de vida suntuoso do Eder continua. Um sargento da Polícia Militar que fazia a segurança dele desde a época que ele era secretário continua atuando como segurança, devidamente remunerado. Eder dá festas, faz compras, paga faturas de cartão de crédito que passam de R$ 10 mil, contas de energia elétrica que chegam a R$ 5 mil”, explicou Faveri.
O delegado afirmou que Eder conta com amigos que pagam contas dele, e uma dessas pessoas que pagam as contas é o PM que faz sua segurança pessoal. Apesar de estar na ativa, o policial teria feito a segurança de Eder durante o horário de expediente em algumas ocasiões, e chegou a tirar licenças para fazer esse serviços, porém, na maior parte das vezes, ele atuava na segurança de Eder durante a folga.
O delegado Daniel Coraça afirmou que o foco, nesse caso, é saber de onde vem o dinheiro para custear o serviço de segurança, já que a eventual infração funcional dele é algo a ser apurado pela Polícia Militar, e não pela Polícia Federal.
O funcionário da Sefaz que prestou depoimento auxiliava Eder na época que ele era titular da pasta e, segundo Faveri, continua auxiliando até hoje, em pendências deixadas pelo ex-secretário. A casa em Chapada dos Guimarães que foi alvo de busca pertence a ele.
Foi mencionado também que Eder teria bancado o pagamento de despesas de um jornalista e, em seguida, houve a publicação de reportagens positivas. Nesse caso, o objetivo da PF é saber a origem do dinheiro usado para pagar o jornalista, já que a venda a matéria em si não seria objeto de investigação. Não foi informado o nome dele, nem o veículo em que trabalha.
R$ 16 milhões
Marco Aurelio Faveri informou que, somente em decisões judiciais já proferidas, Eder tem que devolver R$ 16 milhões. O delegado acredita que a documentação apreendida na 8ª fase da Operação Ararath ajudará a levar ao dinheiro. O próximo passo é analisar toda a documentação obtida.
O delegado regional justificou a necessidade das conduções coercitivas para que todos prestassem depoimento simultaneamente, e não fosse possível combinar os depoimentos. Como ele considerou a prisão uma medida grave para a situação, optou pela condução.
No depoimento desta quarta, Eder negou à Polícia Federal que leve uma vida luxuosa. Após o depoimento, ele afirmou à imprensa que nunca usou “laranjas”, negou ter comprado reportagens e disse que está à disposição da Polícia Federal para prestar os esclarecimentos devidos sempre que necessário. (Olhar Direto)