Delegados de polícia voltam a cruzar os braços
Diário de Cuiabá
Em meio às polêmicas geradas pela greve dos servidores do sistema de segurança pública mato-grossense — os delegados de Polícia Civil decidiram ontem (13) retomar a greve e ignorar decisão judicial sobre a ilegalidade da paralisação –, os dois lados da mesma moeda veem responsabilidades diferentes pelos ataques promovidos por reeducandos em vários pontos do Estado, mais notadamente a capital.
Enquanto para o secretário de Segurança Pública (Sesp), Rogers Elizandro Jarbas, a “irresponsabilidade” é dos agentes prisionais, para o representante destes e presidente do Sindicato dos Agentes Penitneciários (Sindspen), João Batista, o governo é quem foi omisso para tomar ações contra uma situação, de acordo com o que ele disse ao Diário por telefone, “que vem acontecendo há muito tempo e que sempre foi denunciada pela classe”.
A saber, a estruturação de facções criminosas dentro do sistema prisional sem o devido combate por parte do governo. “Quando foi realizada a operação Grená, ela mapeou o CV [Comando Vermelho] no estado, identificando inclusive lideranças, não há como negar isso, pois há inquérito da Polícia Federal sobre essa movimentação”, afirma o presidente do Sindspen.
Mais cedo, Elizandro Jarbas responsabilizou o Sindispen pelo ocorrido durante todo o fim de semana. “O sindicato dos agentes prisionais foi notificado da ilegalidade da greve há uma semana, mesmo assim, não cederam. Foram irresponsáveis”, argumentou. E continuou afirmando ainda sobre a ciência por parte da representação dos agentes prisionais quanto ao planejamento do salve ordenado. “Continuaram bloqueando as visitas, o banho de sol, a entrada de comida. Portanto, eles têm sim responsabilidade sobre isso”, sustentou o titular da Sesp.
Os delegados de Polícia Civil definiram manter a greve ainda na sexta-feira (10), os agentes policiais civis e escrivães haviam feito o mesmo na quinta-feira (09), mas também decidiu “oficializar” a rejeição à última proposta do governo nesta terça-feira.
Mesmo com toda a pressão sofrida entre sexta (10) e segunda-feira (13), o presidente do Sindspen vê resultados positivos na paralisação. “Há anos estou denunciando e o governo não deu atenção. Agora, a sociedade está vendo que tudo está provado que é verdade aquilo tudo falado há muito tempo”, disse o sindicalista ao Diário. Ele lembrou que quando foi realizada a Operação Grená, houve um “mapeamento” das ações do CV no estado, “identificando inclusive lideranças, não há como negar isso”, afirmou João Batista.