Caseiro conta que matou procuradores com 4 tiros pelas costas
Redação c/ Agência da Notícia
O caseiro José Bonfim Alves de Santana, assassino confesso dos procuradores Saint-Clair Martins Souto, 78 anos, e Saint-Clair Diniz Martins Souto, 38, relatou que matou pai e filho com quatro tiros cada um, quando eles estavam de costas.
As informações constam no depoimento que ele prestou nesta quinta-feira (15) ao delegado Gutemberg de Lucena, da delegacia de Vila Rica.
José chegou no final da tarde de quarta-feira (14) em Vila Rica e foi interrogado durante toda a manhã desta quinta. Antes, ele estava em Colinas do Tocantins (TO), para onde havia fugido e foi preso.
“Ele foi extremamente frio quando contou o crime. Detalhou o que aconteceu sem esboçar nenhum arrependimento”, disse o delegado.
Segundo o delegado, o acusado reforçou que pai e filho teriam descoberto que ele estava desviando gado da fazenda e que ouviu conversas de que seria denunciado pela prática.
Ele foi extremamente frio quando contou o crime, detalhou o que aconteceu sem esboçar nenhum arrependimento.
“Ele teria ouvido que seria denunciado pelo crime. E, por isso, decidiu matá-los. O crime foi cometido na sexta-feira [09], mas o desaparecimento só foi constatado na segunda [12]”.
O primeiro a ser morto foi Saint-Clair Martins Souto. Ele foi assassinado com quatro tiros de revólver calibre 38 no pasto da fazenda. Em seguida, o caseiro matou o filho, que estava na sede. Ele também foi alvejado com quatro tiros.
O delegado explicou ainda que os dois foram atingidos quando estavam de costas, ou seja, não esboçaram nenhuma reação. E, provavelmente, foram pegos de surpresa.
Em seguida, os corpos foram jogados em uma região de mato alto, dentro da própria fazenda, e só foram encontrados nas primeiras horas da manhã de quarta-feira (14).
“Depois disso ele foi para a cidade, que fica cerca de 90 km, onde passou o final de semana. Só fugiu para o Tocantins na manhã de segunda-feira com seu próprio carro”, disse o delegado.
Ele ainda teria pegado todas as roupas das vítimas, bem como os demais pertences, e queimado em determinado ponto da estrada.
Prisão preventiva
O inquérito que investiga o caso segue por 30 dias. Será investigado ainda se ele estava, de fato, furtando dinheiro de uma conta do ex-patrão. “Por enquanto, não há nada confirmado”.
José Bonfim está preso em Vila Rica, mas deve ser transferido para a Penitenciária Central do Estado (PCE), em Cuiabá. “Não temos estrutura para mantê-lo preso aqui. Por questão de segurança, já solicitei a transferência”.
Saint-Clair Martins era mineiro e chegou a ser prefeito de Unaí (MG). Ele atuou como procurador do Distrito Federal (DF), onde se aposentou em 2004.
Seu filho também é de Minas Gerais, mas atuava como procurador do Estado do Rio de Janeiro (RJ). Ele deixa esposa e três filhos.
O pai mantinha um escritório de advocacia no Lago Sul, em Brasília.
Os corpos já foram levados para a Capital Federal, aos cuidados da família.
OAB no caso
Uma comissão especial da Ordem dos Advogados do Brasil do Distrito Federal (OAB-DF) foi designada para acompanhar o caso ao lado das seccionais de Mato Grosso e do Rio de Janeiro.
Para o presidente da OAB-DF, Juliano Costa Couto, o crime choca a advocacia e não serão poupados esforços para dar um basta a “manifestações inaceitáveis de violência”.
“O clima é de insegurança endêmica que se espalha por todo o País e exige uma ação rápida e enérgica das autoridades sob pena de nos tornarmos todos reféns de pistoleiros”, afirmou.