Vaqueiro assassino tinha até Hillux, igual a dos patrões
Gazeta Digital
O vaqueiro José Bonfim Alves Santana, 42, assassino confesso do procurador aposentado Saint-Clair Martins,78, e do filho dele, Saint-Clair Souto, 38, trabalhava há 8 anos para a família, tomando conta da fazenda Santa Luzia, no município de Vila Rica.
Ele narrou os dois assassinatos à delegada Olodes Maria Oliveira Freitas, da Polícia Civil da cidade de Colinas do Tocantins (TO), onde foi preso na noite de segunda-feira (12), três dias depois de matar a tiros os patrões, em uma área de pasto da fazenda distante cerca de 90 km do perímetro urbano de Vila Rica.
Crime mobilizou as forças de segurança de pelo menos quatro estados, já que o pai era procurador aposentado do Distrito Federal e o filho era procurador da Justiça, atuante no Estado do Rio de Janeiro. Investigações começaram a partir do momento que os familiares de ambos não tiveram mais contato com eles, na sexta-feira (9).
Bonfim foi preso em um hotel da cidade, portando pouco mais de R$ 5 mil, o revólver calibre 38 usado para o crime e mais 36 munições. Estava com a caminhonete Hillux, que segundo ele foi comprada com dinheiro que “pegou” da venda de gado dos patrões.
Esta tarde mesmo Bonfim seguiu do Tocantins de avião para Vila Rica, levado por policiais civis e o delegado Diogo Santana. Possivelmente será levado até sede da fazenda para apontar com detalhes como ocorreu o crime.
Em depoimento à delegada Olodes ele narrou que o patrão estava suspeitando que ele estava desviando gado da propriedade. Das mais de 150 cabeças restavam apenas 30. Os proprietários costumavam a ficar até cinco meses sem ir até a propriedade, onde Bonfim residia em companhia de um caseiro.
Pai e filho chegaram na semana do crime, e não soube precisar em qual dia. Mas na sexta-feira pela manhã decidiu matá-los. Saiu em companhia do pai para fazer uma vistoria no pasto. O matou com quatro tiros, praticamente todos na altura da cabeça.
Quando retornava em seu cavalo, o filho vinha em seu encontro. Então disse que o patrão havia sofrido uma queda e estava machucado e seguiu mostrando o caminho para o procurador. Quando estavam próximo do corpo do procurador aposentado, desferiu vários disparos contra ele, que caiu na região capim baixo.
Logo depois disso, reuniu alguns pertences e deixou a fazenda em sua caminhonete. A caminhonete Hillux dos patrões foi abandonada na região do terminal rodoviário da cidade de Vila Rica. Polícia agora investiga a participação de outra pessoa, amigo do acusado, que teria levado o veículo até o local onde foi deixado, ainda na segunda-feira (12).
Para a delegada, apesar de admitir que tinha um salário mensal de R$ 1,2 mil, Bonfim disse que chegou a ter depositados em sua conta R$ 180 mil. Mas não admite que o dinheiro foi desviado da venda irregular de gado. Com parte deste dinheiro comprou a caminhonete.
A delegada disse que em depoimento o vaqueiro, que é natural do estado do Sergipe, disse estar arrependido dos crimes. Mas também não demonstrou muito sentimento de culpa em relação ao ato praticado, apesar de ter consciência da gravidade deles.
Os corpos das vítimas foram localizados somente na manhã de quarta-feira (14) por policiais civis de Vila Rica e da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), do Núcleo Especializada de Investigações Criminais (Neic), da Delegacia Regional de Confresa.
Desde a noite de terça-feira fizeram uma varredura na propriedade rural, que avançou durante toda madrugada desta quarta-feira. Os corpos só foram achados, já em decomposição, quando o dia amanhecia. Estavam em uma área pastagem, encobertos pela pelo capim um pouco mais alto.
O delegado Flávio Henrique Stringueta, que comanda a GCCO, informou que as investigações resultaram de um pedido da cúpula da Segurança Pública depois da família das vítimas ter acionado delegacias do Distrito Federal sobre a falta de notícias dos dois procuradores.
O fato do vaqueiro ter desaparecido da propriedade logo após o crime, levou a Polícia a rastrear os cartões de crédito da vítimas, chegando a ele, no Tocantins. José Bonfim vai responder por duplo homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Ele foi preso em flagrante em Colinas do Tocantins (TO), por porte legal de arma de uso permito e teve o mandado de prisão temporária (30 dias) cumprido pelo assassinato dos procuradores.
Traslado – Uma forte chuva que caiu na região de Vila Rica, na tarde desta quarta-feira (14) dificultou a descida da aeronave que chegou com o preso José Bonfim, por volta das 17h. As condições climáticas também devem interferir no traslado do corpo de pai e filho, previsto para ocorrer nesta quarta-feira, mas que só deverá ocorrer amanhã pela manhã.
A informação é do advogado Sérgio Roberto Junqueira Zoccoli Filho, vice-presidente da 27ª Subseção da Ordem dos Advogados do Brasil em Mato Grosso (OAB/MT). Ele tem acompanhado o caso desde a denúncia do desaparecimento de pai e filho e agora acompanha junto a familiares e a dois procuradores vindos de Brasília (DF) as questões envolvendo a liberação dos corpos.
Segundo Zoccoli, os corpos serão levados para o Distrito Federal, para velório e sepultamento. Um familiar da vítima também está na cidade para tratar das questões envolvendo a administração da propriedade.