24 anos depois, Câmara ficará sem mulher em Barra do Garças

FA

Pela primeira vez nas últimas cinco eleições, a mulher ficará sem representatividade na Câmara de Barra do Garças. De quatro representantes em 2004, quando ocupava 40% das cadeiras no Parlamento, a ala feminina foi reduzida a zero nas eleições deste ano. A única vereadora eleita em 2012, Maria José de Carvalho (PP), desistiu de se candidatar à reeleição e colaborou para o enfraquecimento da bancada feminina.

Na próxima legislatura, que toma posse no dia 1º de janeiro, as 15 vagas existentes na Câmara serão ocupadas por homens, como havia ocorrido pela última vez nas eleições de 1.992. O fato acontece 24 anos depois. A partir de 1.997, as mulheres sempre tiveram representação no Parlamento, oscilando entre uma, duas, três e quatro, como ocorreu em 2004, quando foram eleitas Andréia Santos (PTB), Maria do Mercado (PP), Sônia Nunes (PV) e Antônia Jacob (PL), quando ainda eram 10 vagas.

“Infelizmente, na política ainda existe uma grande discriminação com a mulher. Ela vem conquistando o seu espaço ao longo dos anos, mas permanece essa resistência de que somente os homens são capazes. A prova é o resultado das eleições deste ano. Já chegamos a quatro vereadoras quando Barra do Garças tinha apenas 10 vagas na Câmara e depois que foram retomadas as cinco vagas perdidas em 2004, acumulamos derrotas até chegar onde chegamos. É lamentável”, disse a ex-vereadora Andréia Santos, que se elegeu por três mandatos e ocupou a presidência da Câmara.

A ex-vereadora ressalta que enquanto a mulher não acreditar em si próprio, mostrar do que é capaz, continuará sendo discriminada. “Somos mais capazes até do que os próprios homens. Cuidamos da casa, dos afazeres domésticos, arrumamos tempo para o salão e ainda administramos nossos negócios. Quer mais do que isso? Devemos ocupar nosso espaço e também sermos mais unidas, que é o que mais precisa”, ressalta.

Quem se aproximou

Nas eleições deste ano, a candidata que mais se aproximou de uma possível eleição em Barra do Garças, foi a ex-secretária de Assistência Social, Mara Kisner, que teve 364 votos e ocupará a terceira suplência pelo PMDB. Ela compartilha o mesmo pensamento da ex-vereadora Andréia Santos quando afirma que s discriminação vem da própria mulher.

“O preconceito está entre nós. Se a mulher anda bonita é alvo de críticas, se anda feia, da mesma forma, ou seja, não existe união entre a classe feminina e acaba resultando nisso. Eu mesmo foi vítima desse preconceito e até de calúnias durante essa campanha com o único propósito de prejudicar minha candidatura. Até presa pela Polícia Federal disseram que eu tinha sido”, disse a ex-candidata, que disse estar de cabeça erguida mesmo não sendo eleita.