Estudantes de MT cruzam fronteira para fazer Medicina; de Barra são 18

A Gazeta c/ redação JC

Para fazer faculdade de medicina, um dos cursos mais concorridos no Brasil, a cada dia mais estudantes brasileiros têm atravessado a fronteira para ocupar vagas em instituições privadas e públicas em países da América Latina e Central, como a Bolívia, Paraguai, Peru, Argentina, entre outros, chegando até Cuba. A intenção é escapar da concorrência e dos altos preços das faculdades privadas locais. Somente de Barra do Garças, são mais de 18 alunos cursando medicina na Bolívia e no Paraguai

Na Argentina, por exemplo, a política educacional é de ensino superior gratuito e aberto a todos, sem seleção. Já no Paraguai e na Bolívia, há instituições particulares, mas a preços bem mais acessíveis do que aqui no país. A dificuldade é na hora da formatura e de voltar para casa para começar a atuar. Todos têm que passar por uma avaliação rigorosa, chamada “revalida”.

Além disso, enfrentam o estigma de terem se formado em regiões sem tradição educacional e que, eventualmente por preconceito, são associadas a uma ensino questionável.

Lyessa Lima Barcelos, 32, está estudando medicina na Universidad Privada Del Este, a UPE, em Ciudad del Este, no Paraguai, na fronteira com o Brasil, em Foz do Iguaçu (PR). Ela faz questão de falar sobre a experiência que está tendo, já há mais de 1 ano, porque considera a escola muito satisfatória. “A instituição é completa”, afirma.
Ela explica que o aspecto financeiro também pesa. “Antes de ir, no Brasil, eu estava fazendo um cursinho renomado, Poliedro, há 1 ano e meio em Campinas, São Paulo, e não conseguia uma boa aprovação. Devido ao alto custo das mensalidades das particulares já que não tinha o Financiamento Estudantil, o Fies, por já ter curso superior, de Arquitetura, resolvi encarar até mesmo o meu preconceito”, diz sobre a decisão de ir fazer medicina no Paraguai, onde paga cerca de R$ 1.100 por ano, valor da mensalidade do cursinho que fazia.

“Só pude analisar tudo isso após pisar os pés na instituição de ensino”, comenta. Só em Ciudad Del Este há 4 faculdades de medicina. Todos eles visados por brasileiros e mato-grossenses. A ironia é que na sala de Lyessa, por exemplo, só tem um paraguaio. Todos os outros universitários são brasileiros, de diversos locais do país.
Rafael Racis Viana, 28, faz medicina na Universidad Nacional de Rosário, que é pública. Explica que, quando decidiu que queria ser médico, não procurou fazer faculdade aqui por causa da concorrência nas instituições públicas e das altas mensalidades nas privadas. Na Argentina, a única dificuldade que ele sente ainda é a barreira da língua. Para ele, está valendo esta experiên-cia que considera “fantástica”.