Medicamentos abortivos são vendidos na internet em MT

Do G1 MT

Medicamentos abortivos de venda proibida no país podem ser adquiridos facilmente através de sites de compra e venda na internet. Dois anúncios de Cuiabá foram encontrados. Segundo relato de uma internauta, o nome do medicamento Cytotec aparece camuflado entre outras palavras para não chamar a atenção.

De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Farmacêutico em Mato Grosso (Sincofarma-MT), Hamilton Teixeira, além de ser crime, usar o cytotec como abortivo é um risco pra mulher.

A internauta, que preferiu não se identificar, disse que encontrou um dos anúncios do abortivo enquanto procurava produtos para seu bebê em um site de vendas na internet. “Eu estava navegando na categoria de bebês e crianças e, rolando pra baixo, vi o anúncio, dele vendendo como se fosse medicamento”, contou.

Curiosa, a mulher iniciou um diálogo com o anunciante, que disse que o preço estava bom. Segundo ela, o vendedor oferece o produto com muita facilidade.

O Cytotec é um medicamento fabricado para o tratamento de úlceras. Em altas doses, ele provoca contrações no útero, que podem levar ao aborto. Outra página na internet oferece consultas, chamadas de “disque aborto”, que ensinam a usar o remédio.

“Muitos não têm orientação de dosagem, nem sabem o tempo de gravidez. Fazem, de repente, o uso de comprimidos errados e não conseguem expelir o feto, o que causa infecções intrauterinas, com isso tem sangramentos e infecções fortes que podem levar ao óbito”, explicou o presidente do Sincofarma-MT.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proíbe a venda de medicamentos controlados pela internet. No caso do Cytotec, nem as farmácias podem vender. Só a indústria, as distribuidoras e os hospitais têm acesso, os consumidores não podem comprar.

O aborto é crime previsto no código penal. A mulher que interrompe a própria gestação pode cumprir pena de um a três anos em regime aberto ou semiaberto. Quem pratica esse ato pode cumprir entre um e dez anos de prisão. A lei só permite o aborto em casos de estupro ou quando a gestação representa risco de morte para a mulher.

A Anvisa informou que tem um trabalho de rotina, no qual monitora os sites na internet. Ainda segundo o órgão, as irregularidades são tratadas em conjunto pela agência com as policias locais.