Bala calibre “ponto 40” matou estudante em festa
Gazeta Digital
O tiro que acertou a cabeça do estudante universitário Renan Luna, 22, e o matou, em uma festa de calouros na madrugada do último domingo (9), em Nova Xavantina, saiu de uma pistola ponto 40, de uso restrito das forças de segurança pública, segundo informação preliminar do exame de necropsia.
No local da festa, todo o material recolhido pela perícia é calibre ponto 40, assim como a arma do comandante da 3ª Companhia de Polícia Militar de Nova Xavantina, major Fabiano Roosevelth Escolástico, que afirmou ter feito dois disparos, mas nega ter atingido Luna.
O delegado Sidarta Almeida Vidigal, que conduz inquérito civil do caso instaurado na segunda-feira (10), aguarda laudo conclusivo da perícia para dar seguimento às investigações. Mas já começou a ouvir testemunhas. “Pelo menos duas aceitaram falar, mas demonstrando muito medo. Não confirmaram que houve troca de tiros, como alegou o major Fabiano”, detalhou o delegado, dizendo que ainda é muito cedo para afirmar qualquer coisa.
A versão inicial dada pelo major, que já foi ouvido na Delegacia Municipal de Nova Xavantina no dia da morte de Renan Luna, é a de que estava na festa por ser estudante de mestrado, e foi ao banheiro, onde encontrou três rapazes usando drogas. Afirma que deu voz de prisão, por serem marginais na cidade, e dois deles escaparam. O major conseguiu imobilizar apenas um. Disse ainda, ao delegado plantonista, que atravessou a festa com o rapaz detido e deu dois tiros no chão para desfazer o tumulto, provocado por comparsas do detido, e que houve troca de tiros.
O delegado Sidarta diz que, das munições encontradas, somente uma delas estava desfragmentada, provavelmente porque atingiu o chão e estourou. Diz ainda que não encontrou outra arma na cena do crime e nem munições de outros calibres. Sidarta admite que é um caso complicado e vai exigir muito rigor na apuração.
“Quero ouvir diversas testemunhas, analisar o laudo pericial e só então ouvir o major”, explica a forma que pretende conduzir o inquérito. “Uma coisa que ainda não sabemos, por exemplo, é qual a direção dos tiros dados”.
Familiares de Renan, que são de Água Boa, cidade vizinha a Nova Xavantina, Bauru e Reginópolis, no interior de São Paulo, após momentos de luto, também serão chamados para depor. A Polícia Militar também investiga a ocorrência, em um inquérito militar instaurado na segunda-feira.
Sepultamento
Familiares do estudante de engenharia elétrica, Renan Luna, morto no último domingo na festa de calouros em Nova Xavantina, ainda estão muito abalados com a tragédia e não estão acompanhando de perto as investigações policiais sobre o caso. Renan, que fazia faculdade em Bauru, no interior de São Paulo, foi sepultado na segunda-feira (10) em Reginópolis, onde mora o avô dele.
O corpo foi trasladado assim que liberado pelo Instituto Médico Legal (IML).
O pai de Renan é o empresário Vando Luna, dono da rede de lojas Luna Modas, em Água Boa. O avô dele tem fazenda na região. O rapaz estava em Mato Grosso para visitar o pai e o avô e outros parentes, quando ficou sabendo da festa da “calourada” na cidade vizinha, Nova Xavantina, e resolveu ir com amigos.
As duas cidades ficam a cerca de 80 quilômetros uma da outra.
O tio dele, Reginaldo Luna, 55, comenta que o sepultamento de Renan foi muito triste, diante de uma morte abrupta, e que o pai, a mãe e a irmã da vítima estavam muito tristes. “Não tem como fazer nada para trazê-lo de volta, rapaz calmo, normal, que não se envolvia em briga, nada disso, é uma perda irreparável, o que mais estimávamos não temos mais”, lamenta o tio.
Reginaldo ressalta que por enquanto o desejo da família é de que a perícia faça um trabalho adequado. “Queremos saber as razões dos disparos”. A única coisa que o tio diz saber até o momento é sobre o calibre da bala retirada do crânio do rapaz no exame de necropsia – ponto 40. A bala o atingiu quando já estava saindo da festa, indo em direção ao carro.