Doze pessoas morreram em conflitos agrários em MT desde 2010, aponta relatório

Do G1 MT

Nos os últimos seis anos, 12 pessoas morreram em conflitos por disputa de terra em Mato Grosso, de acordo com um levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT). Conforme o relatório, o ano de 2014 aparece com o maior número de mortes no campo, com cinco assassinatos. Neste ano, os casos foram registrados nos municípios de Colniza, Campos de Júlio e União do Sul. Os dados foram divulgados pela instituição na quarta-feira (17).

De acordo com o levantamento da CPT, as vítimas dos assassinatos são lideranças de assentamentos, moradores sem-terra, assentados e índios. As vítimas têm idade entre 19 e 57 anos.

Em Mato Grosso, o ano mais violento foi 2014. Nesse ano, as mortes foram registradas em Campos de Júlio, outras duas em Colniza e uma em União do Sul. Das cinco vítimas, três eram mulheres e lideravam os assentados. Os assassinatos ocorreram nos meses de janeiro e agosto, sendo que quatro deles foram registrados no mesmo dia.

Ainda segundo o levantamento, dois índios foram mortos durante as disputas. Em 2012, o indígena Adenilson Kirixi Munduruku morreu em Alta Floresta. A idade dele não foi divulgada. Já em 2015, Daliameali Enawenê, de 19 anos, foi assassinado no município de Brasnorte, a 580 km de Cuiabá.

Nos anos de 2010 e 2011 nenhuma morte foi registrada nas áreas de conflito em Mato Grosso. Os outros casos foram registrados em Confresa, Novo Mundo e Vila Rica.

Nesta quinta-feira (20), pelo menos sete pessoas foram assassinadas em um conflito por terras em Colniza, a 1.065 km de Cuiabá. De acordo com a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp-MT), um grupo encapuzado invadiu a área e teria assassinado adultos, idosos e crianças.

A área chamada de Taquaruçu do Norte, segundo a Sesp-MT, fica a 250 km da cidade e é de difícil acesso.
A área fica em uma área de conflito agrário e, de acordo com a Sesp-MT, abriga cerca de 100 famílias. A suspeita é de que os autores do crime sejam capangas de fazendeiros da região.

Famílias em áreas de conflito

Um levantamento realizado pela Comissão Pastoral da Terra (CPT) apontou que 6.601 famílias de Mato Grosso moram em áreas de conflitos agrários. Os dados colocam o estado na 1º posição no ranking do Centro-Oeste e em 6º lugar no ranking nacional. Os números fazem referência aos casos ocorridos em 2016.

O maior número de famílias em locais de conflito em Mato Grosso, segundo a CPT, pertencem ao Parque Nacional do Xingu, nos municípios de Querência, Canarana e São Félix do Araguaia. São ao todo, 1.522 mil famílias.

De acordo com o coordenador da CPT Thiago Valentim, as áreas em disputa são em suas maiorias comunidades quilombolas ou áreas indígenas que perderam espaço para o latifúndio. “Historicamente, essas famílias e comunidades tiveram perda da terra para grandes produtores e fazendeiros”, afirmou.