MT teve 272 casos de pistolagem em disputa por terras em 2016

Do G1 MT

Em 2016, Mato Grosso registrou 272 casos de pistolagem relacionados à violência contra a ocupação e a posse de terras em municípios do estado, segundo levantamento da Comissão Pastoral da Terra (CPT). No ano passado, 775 famílias foram despejadas e outras 175 famílias foram expulsas de áreas rurais, de acordo com a instituição.

Na quarta-feira, um grupo de homens armados invadiu uma área conhecida como Taquaruçu do Norte e assassinou nove trabalhadores rurais. Algumas vítimas tinham sinais de tortura. A principal suspeita é de que fazendeiros tenham encomendado o assassinato.

No Centro-Oeste, Mato Grosso fica em segundo lugar quanto aos crimes de pistolagem e fica atrás apenas de Mato Grosso do Sul, que registrou 570 casos. O estado de Goiás registrou ocorrências e o Distrito Federal não teve registros.

No Brasil, ao todo, foram registrados 17,4 mil casos de pistolagem. O estado do Pará lidera o ranking com 4,2 mil ocorrências.

De acordo com o levantamento da CPT, no ano passado, 134 casas de famílias que moram em área de conflito foram destruídas durante disputa por terras. No mesmo período, 120 roças foram destruídas.

No ano passado, uma carta elaborada pelo Fórum de Direitos Humanos e da Terra de Mato Grosso (FDHT-MT) foi entregue ao governador Pedro Taques (PSDB) para pedir apoio no combate aos conflitos agrários ocorridos no estado.
A carta cita como exemplo casos de trabalhadores assentados na região de Novo Mundo, a 791 km de Cuiabá. Em fevereiro de 2016, famílias que ocupavam uma área rural naquele município foram retiradas à força do local. Eles tiveram barracos e materiais de trabalho incendiados.

De acordo com outro levantamento da CPT, 6.601 famílias de Mato Grosso moram em áreas de conflitos agrários. Os dados colocam o estado na 1º posição no ranking do Centro-Oeste e em 6º lugar no ranking nacional. Os números fazem referência aos casos ocorridos em 2016.

O maior número de famílias em locais de conflito em Mato Grosso, segundo a CPT, pertencem ao Parque Nacional do Xingu, nos municípios de Querência, Canarana e São Félix do Araguaia. São ao todo, 1.522 mil famílias.

Chacina em Colniza

A polícia investiga os assassinatos na área rural de Colniza e suspeita que quatro pessoas tenham torturado os trabalhadores rurais. Os suspeitos são da região.

As vítimas da chacina, segundo o governo, são todas do sexo masculino. As vítimas são Izaul Brito dos Santos, de 50 anos, Ezequias Santos de Oliveira, 26 anos, Samuel Antônio da Cunha, 23 anos, Francisco Chaves da Silva, 56 anos, Aldo Aparecido Carlini, de 50 anos, Edson Alves Antunes, 32 anos, Valmir Rangeu do Nascimento, 55 anos, Fábio Rodrigues dos Santos, de 37 anos e o pastor da Assembleia de Deus, Sebastião Ferreira de Souza, de 57 anos.
Segundo a perícia oficial, os corpos tinham sinais de tortura – algumas das vítimas foram amarradas e, outras, decapitadas. De acordo com a Polícia Civil, pelo menos dois trabalhadores foram assassinados a golpes de facão e, o restante, por tiros de espingarda calibre 12.

O vilarejo em Taquaruçu do Norte, onde aconteceu a chacina, está praticamente vazio. Além da violência e da forma como os crimes aconteceram, o que mais chama a atenção é o medo que as pessoas sentem. Famílias inteiras fugiram temendo a volta dos criminosos.

Nesta segunda-feira (24), o secretário de Segurança Pública, Rogers Jarbas, viajou para o município de Colniza na companhia dos secretários de Assistência e Trabalho, Max Russi, Agricultura Familiar e Assuntos Fundiários, Sulme Evangelista e da Casa Militar, Evandro Ferraz Lesco.