Irônico, conselheiro lembra ser “coleguinha” de Taques na delação de Silval
Do Folhamax
O ex-presidente e conselheiro afastado do Tribunal de Contas do Estado, Antônio Joaquim, afirmou nesta sexta-feira que se sente perseguido e voltou a atacar duramente o governador Pedro Taques (PSDB), que classificou como “protegido” da Procuradoria Geral da República (PGR). Segundo o conselheiro, as acusações contra o chefe do executivo estadual sequer são investigadas pela PGR, ao contrário do que acontece com ele.
Joaquim ironizou o atual governador, ao afirmar que é “coleguinha” de Taques na delação premiada do ex-governador Silval Barbosa, relativa a “Operação Ararath”. Nesta operação, o ex-secretário da Casa Civil Pedro Nadaf também cita o nome do atual governador.
O conselheiro afastado também lembrou que o tucano também é citado nas delações de Alan Malouf e Giovani Guizardi, na Operação Rêmora. Ele ainda lembrou que Taques é investigado no STJ no esquema de escutas telefônicas ilegais no Estado.
O conselheiro ainda assinalou que vários secretários da atual gestão foram presos. “Temos de acompanhar isso atentamente. Trata-se de uma corrupção da democracia. Os indícios são claros de que o chefe desse esquema de grampos ilegais é Pedro Taques. Como admite o bom senso: se foram presos secretários da Casa Civil, da Casa Militar, de Segurança, de Justiça, o comandante-geral da PM, além de outros militares. Então, esses grampos não seriam de conhecimento do chefe do Executivo? Teria de ser muito ingênuo de achar que o chefe de todos eles, não seria o governador”, afirmou Joaquim.
Em um desabafo, Antônio Joaquim chegou a comentar sobre a divulgação do valor de jóias dele e de sua família. Ele também questionou o fato de que, mesmo citado em quatro delações, o atual governador não teve nenhum pedido de busca e apreensão.
Antônio Joaquim é citado na delação de Silval Barbosa acusado de receber, juntamente com outros quatro conselheiros, uma propina de R$ 50 milhões, dividida entre o ex-presidente do TCE e os conselheiros Valter Albano, José Carlos Novelli, Waldir Teis e Sérgio Ricardo. O montante era para que os conselheiros não “atrapalhassem” as obras realizadas para a Copa do Mundo de 2014.
Já o governador Pedro Taques é citado por Silval Barbosa, em sua delação, por pedir R$ 10 milhões para sua campanha ao governo do Estado, em 2014. O ex-governador detalhou uma série de reuniões, naquele ano, cujo tema seria uma suposta ajuda na eleição do tucano ao governo.
DISPUTA POLÍTICA
Antes de ser afastado do Tribunal de Contas do Estado por decisão do STF, Antonio Joaquim anunciou que iria se aposentar das funções na corte de contas para retomar a carreira política. Ele chegou a adiar os planos por conta do afastamento, mas decidiu protocolar a aposentadoria após consultar seus advogados.
A aposentadoria chegou a ser protocolada, mas não foi concretizada porque o governador encaminhou o processo para consulta do STF. O ministro Luiz Fux determinou a suspensão do pedido de aposentadoria do conselheiro até que sejam finalizadas as investigações. O pedido, porém, será analisado pela 1ª Turma da Suprema Corte.
Para Antonio Joaquim, a consulta ao STF é mais uma forma de Taques retaliá-lo politicamente, uma vez que todo processo de aposentadoria está dentro da legalidade. O conselheiro anunciou que, assim que oficializar sua saída da corte de contas, irá se filiar ao PTB, onde pretende construir uma candidatura ao Paiaguás.