PF ainda investiga em MT organização que recrutava pastores para aplicação de golpes
Do Olhar Direto
A Polícia Federal ainda investiga em Mato Grosso os casos de golpe aplicados por uma quadrilha, em todo o país, que prometia rendimentos exorbitantes com baixo investimento. A operação Ouro de Ofir, que investiga a organização criminosa que recrutava pastores, entre outros envolvidos, para aplicação de golpes em fiéis por vários estados no Brasil, foi deflagrada no último dia 23 de novembro e já prendeu três líderes.
Um dos líderes apontados seria Sidinei dos Anjos Peró, que teria atuado junto com o capelão da Igreja Batista Independente, Gleison França do Rosário, em Primavera do Leste. Os dois já foram alvos de uma investigação da Polícia Civil de MT.
As investigações são conduzidas pelo delegado Guilherme Guimarães Farias, titular do Núcleo de Inteligência da Superintendência da PF de Mato Grosso do Sul. Segundo o delegado, neste golpe os estelionatários prometiam às vítimas que com investimento de R$ 1 mil elas conseguiriam receber até R$ 1 milhão. Mais de 25 mil pessoas foram vítimas em todo o país.
A história contada dizia que Celgo de Araújo, um dos líderes, seria herdeiro de uma mina de ouro fora do Brasil e que com a venda desta mina teria direito a R$ 9 trilhões. No entanto, o dinheiro estaria bloqueado em bancos estrangeiros e para recebê-lo ele deveria fazer uma doação de 40% ao povo brasileiro. Por causa disso ele teria começado a vender cotas às pessoas para supostamente dá-las direito à doação.
O grupo já existe há 14 anos, mas apenas nos últimos dois é que começou a atuar com mais presença, aplicando golpes em todo o país. O delegado Guilherme também disse que há informações que o golpe ocorreu em várias cidades de Mato Grosso, no entanto apenas um dos casos já foi investigado pela PJC de Mato Grosso.
De acordo com a Polícia Civil de Mato Grosso, há dois meses a Polícia Federal pediu cópia da investigação da PJC de Primavera, comandada pelo delegado Rafael Fossari, sobre o capelão Gleison França do Rosário, acusado de estelionato.
Os trabalhos agora estão nas mãos da PF. No último dia 23 de novembro foi deflagrada a operação “Ouro de Ofir”, que prendeu os três líderes da organização, identificados como Celso Eder Gonzaga de Araújo, Anderson Flores de Araújo e Sidnei dos Anjos Peró. Sidinei é morador de Campo Grande e teria se envolvido no caso de Primavera do Leste.
Gleison foi preso em uma operação da PJC em abril de 2016, conduzida pelo delegado Rafael Sippel Fossari. Gleison França do Rosário e o outro investigado, Fábio Alves de Morais, ofereciam contratos de exploração de ouro ao preço médio de R$ 2 mil a fiéis, com a promessa de rendimento em poucos meses na ordem de R$ 1 milhão.
Centenas de pessoas em Primavera do Leste, Confresa, Campo Verde, Aragarças, São José do Rio Claro e outras cidades mato-grossenses caíram no golpe. Os contratos assinados pelas vítimas não constavam pagamentos de qualquer valor (nenhum recibo era dado a elas) apenas declarava que seriam beneficiadas em uma ação judicial em trâmite no Estado de Mato Grosso do Sul, envolvendo o “repatriamento” de valores do Governo Federal. Caso fosse verdadeira essa versão, o valor a ser pago a todos os envolvidos no contrato chegaria a astronômicos R$ 3 trilhões de reais.
Na delegacia, no dia em que foram presos em MT no ano passado, Fábio Alves de Morais declarou que revendia os contratos e repassava o dinheiro para Gleison. Por sua vez, Gleison permaneceu calado durante interrogatório e foi liberado, por não haver mandado de prisão expedido pelo Poder Judiciário. O caso agora continua com a Polícia Federal.
O delegado Guilherme Farias também afirmou que nem todos os envolvidos no golpe estão relacionados à igrejas e que nem todas as vítimas da quadrilha em Mato Grosso foram identificadas. As investigações continuam.