Filha de procuradora paga R$ 22 mil para internar irmão e ficar com herança
Do Folhamax
Resgatado há uma semana, Marco Vinício da Costa e Silva, de 50 anos, diz ter sido sequestrado a mando da irmã e mantido à força numa clínica de recuperação por causa de uma herança. A irmã dele é aguardada para prestar depoimento sobre as declarações do irmão.
O caso é investigado pela polícia. Marco só foi encontrado depois que a filha, que já havia registrado o desaparecimento dele, recebeu uma carta escrita pelo pai.
O documento escrito à mão foi entregue a um amigo que Marco fez dentro da clínica de recuperação para dependentes químicos. Ele pediu que a carta chegasse até a filha.
Marco alega que não é dependente químico e foi preso à força. Ele se lembra que estava na casa de um compradre com a família e ser surpreendido com um barulho no portão. “Quando cheguei perto, três pessoas pularam o portão e me jogaram dentro de um carro. Minha surpresa foi ver minha irmã do lado”, contou.
Ao todo, foram 25 dias de reclusão na clínica. Até que em posse da carta, a filha de Marco, que é advogada, entrou em contato com a polícia.
A princípio, a proprietária do estabelecimento negou que Marco estivesse no local. Depois que a casa foi invadida, porém, os policiais o encontraram.
Segundo as investigações, a irmã da vítima e os donos da clínica queria que Marco assinasse alguns documentos, já que ele tem acesso a uma conta judicial e é um dos herdeiros da mãe, uma ex-procuradora federal, que morreu em 2009.
Duas casas e outros imóveis em Cuiabá estão entre os bens. “Foi colocado para mim pelo psiquiatra, psicólogo, que eu deveria assinar um contrato mediante a minha liberdade”, contou Marco.
De acordo com a polícia, foi a irmã de Marco – sem qualquer comprovação de que Marco era dependente químico – assinou o termo de responsabilidade e autorização. O valor pago para a internação foi de R$ 22 mil.
Na semana passada, a dona da clínica e três funcionários foram presos em flagrante. Eles passaram por audiência de custódia e continuam presos. Segundo a polícia, eles vão responder pelos crimes de cárcere privado qualificado e tortura. O estabelecimento continua funcionando.