PMs são presos após transar com menores numa viatura
Folhamax
A Justiça determinou a prisão dos dois policiais militares que teriam, de acordo com o Ministério Público Estadual (MPE), estuprado duas adolescentes em Colniza em uma viatura após terem oferecido bebidas alcoólicas às garotas. Um deles dos militares chegou, inclusive, a ameaçar uma das jovens pelo telefone dizendo que ia culpabilizar a mãe da mesma por tê-la deixado sair.
O pedido de prisão preventiva foi assinado pelo promotor de Justiça Allan Sidney do Ó, e já foi cumprido pelo Batalhão da PM na região. De acordo com o MPE, os soldados Moisés Silva Coronado e Welington Pablo da Silva Machado teriam dado carona para duas adolescentes, na madrugada do dia 8 de outubro de 2017, onde ofereceram bebidas alcoólicas para as menores e ainda mantiveram relações sexuais com elas.
No pedido de prisão, o promotor apontou que não há o que se discutir sobre consentimento do ato sexual. “Vocifera-se que não há que se trazer a baila qualquer tese no sentido de que as vítimas tenham consentido para a prática das conjunções carnais, uma vez que tal justificativa não serve para afastar a imputação daquele que mantem conjunção carnal com pessoa menor de 14 anos, consoante remansosa jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça”, aponta.
Em uma ligação telefônica, após o caso, o soldado Coronado teria ameaçado uma das jovens, após ela ter revelado o caso ao Conselho Tutelar. Ele destaca que era para a adolescente ter negado o caso.
O PM disse que agora iria culpabilizar a mãe da garota. “Era só continuar falando que não. Ele não iria obrigar você a falar. Mas pode ficar tranquilo. Se você não puder ajudar a gora, a gente vai responsabilizar todo mundo que é culpado. Você, sua mãe. Sua mãe deixou você ir na festa, cara. Você estava na festa de madrugada, bêbada, embriagada. Ela deixou você na rua. Você ferrou a gente. A gente vai se defender, doa a quem doer. Vai doer na sua mãe, porque vocês foram para frente com isso. Então agora você vai ter que aguentar as consequências. Tanto que a gente te pediu, cara. Fala que não aconteceu nada. Fala que é tudo mentira. Você não quis. Foi lá e abriu a boca igual uma retardada. Sabe o que vai acontecer. Ela vai acabar perdendo a sua guarda e você vai para o orfanato. E lá você não vai poder nem sair”, aponta o soldado numa ligação gravada.
Neste momento, a menor questiona o militar, perguntando o que aconteceria com ele. Ele ironiza, e diz que levaria uma prisão de alguns dias. “Eu vou tomar uma prisão, depois vou ficar de boa. Trinta dias, quinze dias. Isso aí eu já sabia”, debocha o soldado.
Os policiais militares já haviam sido afastados de suas funções nesta sexta-feira. No pedido de afastamento, o MPE argumenta que os policiais podem interferir diretamente na instrução processual.
Mídias anexadas aos autos demonstram um dos réus fazendo ameaça velada à vítima após depoimento prestado ao promotor de Justiça do município. “É possível dessumir do inquérito civil que os réus se aproveitaram da função pública para seduzir as adolescentes, eis que se utilizaram de uma viatura da Polícia Militar para dar carona, estavam fardados e em horário de serviço. Tal conduta se enquadra, em tese, aos atos de improbidade administrativa”, ressaltou o magistrado em sua decisão.