Júri condena médico a 20 anos por aborto em Barra do Garças
O Tribunal do Júri da comarca de Barra do Garças condenou o médico Orlando Alves Teixeira a 20 anos e seis meses de reclusão pela prática de aborto, peculato e corrupção passiva. A condenação foi anunciada na madrugada desta quarta (27), depois de l7 horas de julgamento. O placar foi de 4 a 3 pela condenação.
Orlando Teixeira foi denunciado em 2012 pelo Ministério Público Estadual (MPE) pela suposta prática de dois abortos no Hospital Municipal Milton Morbeck, onde prestava serviços. O aguardava o julgamento em liberdade após ter sido detido em três oportunidades pelas mesmas acusações, mas conseguiu revogar os mandados de prisões. Nesse período, o MPE determinou também a imediata suspensão do exercício da função pública.
No julgamento que começou às 8h da manhã dessa terça e se encerrou a 1h da madrugada desta quarta, o advogado de defesa, João Rodrigues de Souza conseguiu absolver o réu em uma denúncia pelo crime de abordo e outra de corrupção passiva ( cobrança indevida por procedimentos em hospital público). No entanto, Orlando foi condenado também pela venda de medicamentos proibidos pela Anvisa, considerados abortivos.
Entre as duas acusações que pesavam contra o médico, constavam a prática de aborto em uma adolescente, que teria negociado o valor de R$ 10 mil, R$ 2 mil pagos efetivamente, para a interrupção de sua gravidez. “A condenação é absurda e já apelamos da decisão do juiz no ato da proclamação da sentença por considerarmos que houve erro do magistrado em relação a pena”, disse o advogado do médico.
João Rodrigues informou que dentro das próximas 48 horas estará impetrando habeas corpus contra parte da sentença do magistrado na tentativa de reverter a negativa do juiz Douglas Bernardes Romão em conceder ao réu o direito de recorrer em liberdade.
Da sala do Tribunal do Júri, localizada no Fórum local, Orlando Teixeira foi encaminhado a cadeia pública de Barra do Garças, onde começou a cumprir a pena. Como a unidade é provisória, caso não consiga reverter a decisão, o médico deve ser transferido para o Presídio Major Zuzi, em Água Boa, para onde são levados os sentenciados a penas longas, como foi o seu caso.
Césio 137
Orlando Alves Teixeira se tornou conhecido na década de 80 por ser um dos sócios-proprietários da clínica responsável pelo acidente com uma cápsula de césio 137, no dia no dia 13 de setembro de 1987, em Goiânia (GO), que deixou centenas de pessoas mortas contaminadas ao violar um aparelho de radioterapia em um ferro velho da Capital goiana.
De Goiânia, o médico abriu uma clínica particular em Barra do Garças e depois passou também a atender na rede pública até ser denunciado pela prática de abortos em pacientes atendidos pelo SUS no hospital local. (FA/RDNews)