Cinco mulheres são assassinadas em uma semana; homicídios de mulheres sobem 10%
Olhar Direto
Em uma semana, cinco mulheres foram mortas em Mato Grosso. Os dados foram contabilizados entre o dia 13 deste mês e a última quinta-feira (20), de acordo com reportagens veiculadas no Olhar Direto. A Secretaria do Estado e Segurança Pública (Sesp), no entanto, não fornece dados sobre os casos de feminicídios, pois, segundo assessoria de imprensa, só se confirma o crime no decorrer das investigações.
Segundo dados da Sesp, de janeiro a agosto do ano passado, 222 mulheres foram vítimas de tentativa de homicídio no Estado. No mesmo período deste ano foram 189 registros, o que significa uma redução de 14%.
No entanto, os casos de homicídios com vítimas femininas aumentaram. No mesmo período de 2017, 48 mulheres foram assassinadas. Já neste ano houve um aumento de 10%, o que siginifica que 53 mulheres foram mortas.
Feminicídio é um termo utilizado para definir o crime de ódio baseado no gênero, amplamente definido como o assassinato de mulheres, mas as definições variam dependendo do contexto cultural. Normalmente os assassinos são companheiros ou ex-companheiros das vítimas
Nesta quarta-feira (19), Érica Oliveira Gomes, de 22 anos, foi encontrada morta na residência onde morava, no bairro Jardim dos Ipês, em Barra do Garças (a 503 quilômetros de Cuiabá). O marido da vítima, César da Silva, ainda não foi localizado pela Polícia Militar. Consta no boletim de ocorrência, que Érica e César moravam juntos, mas teriam constantes desentendimentos, pois ele seria usuário de drogas. Ele não estava na casa e a polícia também notou que uma motocicleta, um aparelho celular e um notebook não estavam no local. Suspeita-se que ela tenha fugido.
Andressa da Silva Targa, de 21 anos, foi morta a tiros pelo marido, Josenildo Silva do Nascimento, de 27 anos, na noite de segunda-feira (17), em Barra do Bugres (a 169 quilômetros de Cuiabá). Andressa se prepara para sair de casa, já que o relacionamento com Josenildo não “estaria dando certo”. Conforme a Polícia Militar, ela já estava com as malas prontas. A mãe suspeita que o filho matou a nora por não querer que ela fosse embora de casa. O suspeito está foragido.
Rosana Borges das Neves, de 31 anos, foi morta a tiros na madrugada de terça-feira (18), no município de Castanheira (a 781 quilômetros de Cuiabá). O principal suspeito de cometer o feminicídio é o ex-marido da vítima, que não aceitava o fim do relacionamento. Ângelo Erico Pimentel, 53, é procurado pela polícia. Vizinhos ouviram alguns gritos e foram até a casa e acionaram uma equipe de resgate. No entanto, a mulher não resistiu e foi a óbito ainda no local.
Um dos casos mais chocantes foi de Maria Paulina de Mendonça, de 60 anos, conhecida como “Paraguaia”. Ela foi morta e teve cabeça decapitada e colocada em uma sacola pelo marido, Vagner Pereira Alves, de 25 anos. Ele acabou preso pela Polícia Militar horas depois no último sábado (15), em Tabaporã, (a 643 quilômetros de Cuiabá).
A cabeça de Maria foi localizada depois que os policiais seguiram os rastros de sangue por cerca de 400 metros, que davam até a casa do irmão do criminoso. Lá, ele contou que seu irmão apareceu com uma sacola azul e uma bolsa preta. Na ocasião, ele disse que teria matado a esposa e que estava com a cabeça dela na sacola. O irmão, no entanto, não acreditou no fato.
Como no quintal também havia sinais de sangue, a polícia fez buscas e a cerca de 50 metros, localizou a cabeça de Maria, dentro de uma sacola azul. Vagner acabou preso horas depois, quando circulava pelas ruas da cidade, com uma bicicleta. Um facão de aproximadamente 40 centímetros foi apreendido. Ele também estava com alguns cabelos da vítima.
A jovem Jakielly pontes da Silva, de 25 anos, foi morta com cinco tiros na madrugada de quinta-feira (13), em Jaciara (160 quilômetros de Cuiabá). A Polícia Civil prendeu três homens por envolvimento na morte dela. Tiago Floriano de Paula, de 30 anos, pagou para dois funcionários para matarem a operadora de caixa, pois não queria assumir a paternidade de um filho de oito meses.
Tiago foi localizado em um lava-jato, do qual ele é proprietário. À polícia, ele negou o crime e declarou ainda ter permanecido em casa durante toda a noite. No entanto, “em razão das contradições apresentadas pelo suspeito, e confronto com depoimentos testemunhais, representei pela prisão temporária do investigado, que foi decretada pelo Judiciário e cumprida ainda no dia 13 de setembro”, esclareceu o delegado.
Ao ser novamente interrogado, em 18 de setembro, Tiago acabou confessando ter sido o mandante do homicídio. O suspeito contou que contratou dois de seus funcionários, identificados como João Vitor Pereira dos Santos, 18, e Gilmar Oliveira dos Anjos, 25, para executarem a vítima.
Ainda durante o interrogatório, Tiago disse ter prometido a quantia de R$ 2 mil para João Vitor e R$ 1.500 para Gilmar. A motivação, de acordo com Tiago, decorreu o fato de Jakielly postular reconhecimento de paternidade.