A cada quatro dias uma mulher é assassinada em Mato Grosso; 50% dos casos são passionais
G1 MT
A cada quatro dias uma mulher é morta em Mato Grosso, conforme dados da Coordenadoria de Estatística e Análise Criminal (CEAC) da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT). Entre o dia 1 de janeiro e 15 de outubro deste ano, 66 mulheres foram assassinadas no estado.
Os dados são obtidos com base no Sistema de Registro de Ocorrências Policiais (SROP), que incluem os boletins feitos em atendimento pela Polícia Militar e Polícia Judiciária Civil.
Na maioria dos casos, em 44% das ocorrências, foram utilizadas armas de fogo para o cometimento dos crimes.
Já em 27% houve utilização de armas cortantes ou perfurantes. Outros meios somaram 20% e em 3% dos casos houve utilização da força física. Em outros 3% não houve utilização de instrumentos de qualquer natureza, 2% utilizaram veículos e 1% o fogo.
Motivação
Entre as motivações dos homicídios de mulheres, 50% são passionais, ou seja, praticados no âmbito da violência doméstica e familiar ou com existência de vínculo amoroso entre a vítima e o agressor. Em segundo lugar, estão os casos em que as motivações ainda estão sendo apuradas, que somam 30%. São situações, por exemplo, em que o inquérito ainda não foi concluído ou as informações iniciais não são suficientes para elucidar os crimes.
Além disso, 9% dos casos ocorreram por envolvimento com drogas, 6% por rixa, 3% classificados como “outros” e 2% foram motivados por vingança. Quanto às circunstâncias da ocorrência, 44% tiveram o emprego de arma de fogo, em 27% houve utilização de armas cortantes ou perfurantes, outros meios somaram 20%, enquanto em 3% dos casos houve utilização da força física, e em outros 3% não houve utilização de instrumentos de qualquer natureza, 2% utilizaram veículos e 1% o fogo.
Cidades com maior índice
Os casos ocorreram em 40 municípios, sendo que em alguns foram registrados mais de um. Várzea Grande apresentou o maior número de homicídios de mulheres assassinadas até o momento. No período de janeiro a 15 de outubro de 2018 foram seis registros. Sinop, Rondonópolis e Cuiabá contabilizaram, cada uma, cinco casos. Em seguida, aparecem Poxoréu e Tangará da Serra, cada uma com três registros. Pontes e Lacerda, Feliz Natal, Campo Novo do Parecis, Colíder e Nova Mutum tiveram dois registros cada uma.
As cidades de Poconé, Campo Verde, Colniza, Chapada dos Guimarães, Pedra Preta, Glória D’Oeste, Barra do Garças, Guarantã do Norte, São José dos Quatro Marcos, Jaciara, Barra do Bugres, Juara, Peixoto de Azevedo, Juína, Castanheira, Alto Araguaia, Reserva do Cabaçal, Diamantino, Santo Antônio de Leverger, Tabaporã, São José dos Quatro Marcos, Carlinda, Sorriso, Novo Mundo, Paranatinga, Nova Ubiratã, Lucas do Rio Verde, Água Boa e Nova Maringá tiveram um caso em cada cidade.
Dias da semana
Assim como em levantamentos anteriores, quarta-feira continua sendo o dia da semana com maior incidência de casos. De janeiro a 15 de outubro de 2018, 15 mulheres foram mortas neste dia, 12 na segunda-feira e 10 no domingo. Em seguida, estão terça-feira (9), sábado (8), quinta-feira (7) e sexta-feira (5).
Casos
Um dos casos de maior repercussão foi o de uma adolescente de 16 anos, assassinada pelo namorado, em março, em Nova Mutum, a 269 km de Cuiabá. Segundo a Polícia Civil, a vítima, identificada como Giovana Sinopoli, foi morta a facadas. O namorado dela, também de 16 anos, foi detido e alegou uma espécie de ‘surto’ ao ser ouvido na delegacia.
Em outro caso, está a morte da jovem Edilene Coelho dos Santos, de 30 anos, assassinada pelo marido. Ela estava amamentando o filho recém-nascido quando foi morta, no dia 17 de janeiro em Guarantã do Norte.
Em Sinop, Luzinete Soares de Oliveira, de 48 anos, foi esfaqueada pelo marido. A filha e a mãe da vítima disseram aos policiais que Adolfo e Luzinete estavam discutindo na casa. O marido passou a esfaquear a vítima e saiu da residência em seguida.