Cabo da PM acusado de participar de escutas ilegais é preso após descumprir medida cautelar e ir em boate

G1 MT

O juiz Wladymir Perri, da 11ª Vara Criminal de Cuiabá, acatou pedido do Ministério Público Estadual (MPE) e determinou a prisão do cabo da Polícia Militar Gerson Luiz Ferreira Correa Júnior nesta sexta-feira (19), em Cuiabá. A informação foi confirmada pelo MPE.

O G1 entrou em contato com a defesa de Gerson, que não atendeu o telefone.

Cabo Gerson descumpriu uma das medidas cautelares impostas a ele para a concessão de liberdade provisória.

Ainda segundo o MP, cabo Gerson teria desligado o aparelho de monitoramento eletrônico para ir a uma boate no dia 30 de agosto.

Diante da denúncia, a Justiça solicitou que a casa noturna enviasse registros da visita do cabo.

Depois de acionado, o proprietário apresentou uma ficha cadastral de clientes, que assinam o documento em caso de porte de arma. No documento havia a assinatura e o número do Registro Geral (RG) de Gerson.

Ainda de acordo com o MP, na ocasião, o cabo foi chamado para prestar esclarecimentos sobre o descumprimento da cautelar.

Em princípio, ele teria dito que os documentos dele haviam sido roubados há quatro anos e, desde então, outra pessoa se apresentava usando o nome e patente do cabo Gerson.

No entanto, após a apresentação da ficha cadastral, o cabo foi ouvido novamente e confessou ter ido à boate, naquela noite.

Mesmo com o argumento do MP de que o descumprimento foi comprovado, a defesa afirma que a prisão seria desnecessária já que Gerson se apresentou à Justiça e esclareceu os fatos.

Grampos clandestinos
Gerson é acusado de participar de um esquema de escutas ilegais.

Os telefones foram interceptados com autorização judicial. Os documentos pedindo à Justiça autorização para isso foram assinados pelo cabo da PM, Gerson Luiz Ferreira Correia Júnior, numa suposta investigação de crimes cometidos por PMs.

No entanto, foram juntados os telefones de quem não era suspeito de crime algum, numa manobra chamada “barriga de aluguel”.

O caso foi denunciado pelo promotor de Justiça Mauro Zaque. Em depoimento encaminhado à Procuradoria-Geral da República, oele afirmou que, naquele ano, ouviu o coronel Zaqueu Barbosa, comandante da PM à época, dizer que as interceptações telefônicas eram feitas por determinação de Pedro Taques (PSDB).

Zaque alega ainda que levou o assunto ao governador, que ficou constrangido, mas não fez nenhum comentário.

O promotor ainda afirmou que alertado o governador sobre a existência de um “escritório clandestino de espionagem” por meio de dois ofícios. O primeiro chegou a ser enviado para o Ministério Público Estadual (MPE), mas a investigação foi arquivada por falta de provas.

O segundo ofício, que o governador alega nunca ter recebido, foi protocolado na Casa Civil, mas cancelado no mesmo dia e substituído por outro, conforme apontou auditoria da Controladoria Geral do Estado.

Antes do relatório da CGE vir à tona, Pedro Taques chegou a entrar com representação contra Zaque em instituições como o Conselho Nacional do Ministério Público e a PGR, acusando-o de falsificação de documento público.