Senador compara que “barões” em MT lucram mais que narcotraficantes

Folhamax

O senador eleito Jayme Campos (DEM) voltou a criticar os “barões e tubarões” do agronegócio de Matop Grosso comparando o lucro na plantação das sementes ao tráfico de drogas. Por isso, ele pede para que governador eleito Mauro Mendes (DEM) abra a “caixa preta” da Secretaria de Fazenda (Sefaz).

A “caixa preta” citada pelo senador eleito se refere às informações relativas às exportações dos anos de 2013 a 2016. Em 2017, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) determinou ao executivo a auditoria, mas o governador Pedro Taques (PSDB) impediu a ação por meio de liminar. “Vamos abrir a caixa preta da Secretaria de Fazenda em relação às traddings, que o governador Pedro não deixou. Ele emitiu um mandado de segurança e impediu”, disse o democrata em entrevista a Rádio Capital FM, em Cuiabá.

Jayme revela que chega a ser surpreendente os benefícios que alguns grupos de empresários do agronegócio obtêm em meio à produção e a sonegação de impostos. “Não quero que faça taxação coisa alguma. Vai fazer cobrança daqueles que estão sonegando impostos, que não estão recolhendo. Se for fazer alguma taxação tem que fazer de forma progressiva. Toda a soja matogrossense que é o maior produtor, no mínimo de 20% a 30% tem ficado no mercado interno. Quando você exporta fica livre de PIS, Confins e ICMS, então é um bando de sonegadores, que não pagam nada e não contribuem em nada ficando mais rico, ganância por dinheiro. É assim vários segmentos”, comenta.

Jayme explica que o dinheiro do agronegócio gira em cima de um pequeno grupo, que acaba não contribuindo em nada com o Estado. Ele exemplifica que lucro em plantação de soja, milho, algodão é maior do que relacionado há alguns tipos de drogas. “Para se ter uma noção, 800 mil hectares está concentrado nas mãos de 25 a 30 pessoas. Ganharam tanto dinheiro, R$ 16 mil líquido por hectare. Nem cocaína, nem maconha ou nem ecstasy, dá essa margem de lucro no mundo inteiro. Este pessoal não tem que pagar alguma coisa?”, questiona o senador eleito.

Ele acredita que Mauro Mendes terá bastante trabalho para este enfrentamento, mas declara que é necessário que o novo chefe do executivo tenha coragem. Caso contrário, pode “quebrar a cara” e não realizar as mudanças que prometeu durante a campanha eleitoral.

O democrata também lembra que o pequeno comerciante “não aguenta mais” pagar imposto. “Aqui não aguenta mais ser explorado o dono de lojas, padaria e açougue. O comércio em si já exauriu sua capacidade de pagamento de impostos. A gente precisa de um governador com visão de estadista para o futuro, se continuar como esta aqui, vai continuar a mesma ladainha, e eu já disse para Mauro Mendes, tem que ter essa coragem de enfrentar senão ele vai quebrar a cara, dar burros n’agua”.

Ainda indignado com a falta de sensibilidade do governo na cobrança de impostos de empresários do agro, o senador eleito destaca que enquanto uns não pagam, o Executivo beneficia setores do qual considera desnecessário. “A coisa está tão ruim em Mato Grosso que o orçamento do Estado, que eu vi estão reduzindo o ICMS de bala, munições, armas, chopps e cerveja tem cabimento. Está lá baixando de 35% para 25% para comprar. Aí você vai armar o cara e dar o chopp barato para ele sair matando. Este é o orçamento do Estado”, ironiza.