Fazendeiro é denunciado pelo MPF por manter trabalhadores em regime de escravidão no Araguaia
G1 MT
Um fazendeiro de São Félix do Araguaia, foi denunciado por manter trabalhadores em condições análogas à escravidão em sua propriedade rural. Os trabalhadores foram resgatados em novembro deste ano após investigação do Ministério Público Federal (MPF).
Conforme o MPF, Fernando Jorge Bitencourt da Silva está preso por outros crimes. Ele também responde por homicídio, tentativa de homicídio, tráfico internacional de drogas e porte ilegal de munição.
O G1 não localizou a defesa do fazendeiro.
De acordo com a denúncia feita pelo MPF de Barra do Garças, a 516 km de Cuiabá, foi constatado por meio de depoimentos colhidos e das condições de trabalho dos empregados da Fazenda Mato Verde que Fernando José mantinha seus empregados como escravos, pois as condições de moradia e higiene em que os trabalhadores eram submetidos não se compatibilizavam com o mínimo de dignidade laboral.
Um dos trabalhadores ouvidos pelo MPF contou que trabalhava há quatro meses para o fazendeiro sem nunca ter formalizado o vínculo trabalhista e nunca ter recebido o salário combinado com o denunciado, pois eram sempre descontadas as “dívidas” que contraía.
Segundo o MPF, este trabalhador morava em um barracão em condições precárias, sem energia, sem banheiro e dormia em cima de umas tábuas com sacos de ráfia. Em seu depoimento, afirmou que sequer tinha água potável para beber, sendo inexistente qualquer tipo de encanamento.
Outros trabalhadores relataram que em barracões onde era guardada a ração do gado, sem energia, sem banheiro e sem camas. Em alguns dias, o único alimento disponível para comer eram peixes pescados pelos próprios empregados.
Os empregados também tinham o direito de locomoção restringido, em virtude de eventuais dívidas que possuíam com o empregador, e eram ameaçados de morte caso tentassem ir embora sem quitá-las.
Além de ofertar a denúncia, o MPF requereu que seja fixada o valor mínimo de reparação dos danos causados pela infração no valor de R$ 8 mil para cada vítima, a ser atualizado com juros e correção monetária. Também foi requerida a manutenção da prisão preventiva de Fernando Jorge.