Mulher que teve partes do corpo quebradas pelo marido chorou para que ele não fosse preso

G1 GO

A técnica administrativa de 24 anos que teve vários ossos quebrados e o pulmão perfurado chorou pedindo que o marido, apontado como o autor das agressões, não fosse preso. Segundo a Polícia Civil, o homem a espancou durante três horas, com um barra de ferro, em Trindade, na Região Metropolitana de Goiânia. Ao ser detido, ele alegou que “perdeu a cabeça”.

Uma denúncia anônima levou à descoberta do caso, na madrugada de domingo (26). Segundo a delegada Renata Vieira, responsável pela investigação, a mulher pediu para falar com o marido antes de prestar depoimento à polícia, no Hospital Estadual de Urgências Governador Otávio Lage de Siqueira (Hugol), onde está internada.

“Para permitir que nós fizéssemos um vídeo do depoimento dela, ela solicitou que a gente deixasse ela falar por telefone com o marido. E a mensagem que ela passou para ele foi: ‘Eu não te denunciei. Eu não queria que isso estivesse acontecendo com você’. Então, mesmo em cima de uma cama, com a perna quebrada, cotovelo quebrado, clavícula quebrada e pulmão perfurado, ela estava preocupada com ele”, relatou Renata.

O homem foi preso no trabalho, na segunda-feira (26). Ele já apresentou um advogado para a polícia, mas o G1 não conseguiu contato com quem faz a defesa dele.

Segundo a delegada, em momento algum a vítima manifestou interesse de ver o marido preso ou processado.

“Nós explicamos para ela que não dependia da vontade dela. Ele foi autuado em flagrante pelo crime de tentativa de feminicídio. São poucos os crime hoje da Lei Maria da Penha que dependem da vontade da vítima. No caso da tentativa de feminicídio, a lei não dá a ela essa oportunidade de decidir se o agressor seria preso ou processado”, afirmou Renata.

Agressão

A delega conta que as agressões aconteceram após o marido desconfiar de uma suposta traição da vítima, o que ela negou. “Na verdade, ela emprestou a moto para uma amiga. Aí chegou ao ouvido do marido dela que teria ido encontrar o suposto amante. Ela até tentou explicar para o marido que não era ela, mas não adiantou”, pondera.

A mulher teve de ser levada para o hospital. “Ela deu entrada no Hutrin [Hospital de Urgência de Trindade] por volta das 6h, como o estado de saúde dela estava muito grave, ela foi encaminhada para o Hugol. No domingo, ela fez uma cirurgia porque teve o pulmão perfurado e encontra-se internada”, relatou a delegada.

Renata informou que uma psicóloga da Delegacia da Mulher de Trindade já foi visitar a vítima no hospital e vai acompanhá-la. “O que nós percebemos é que muitas vezes essas mulheres têm uma dependência psicológica muito grande. O agressor é geralmente uma pessoa que a mulher tem um vínculo afetivo muito grande com ele, então nós temos que ter muita sensibilidade e cuidado em relação a isso, mas a gente precisa também fortalecer essa vítima”, disse a delegada.