Vaqueiro que matou procuradores em Vila Rica é condenado a cumprir 47 anos de prisão

G1 MT

O vaqueiro José Bonfim Alves Santana, de 45 anos, foi condenado a cumprir 47 anos de prisão pelo assassinato de dois procuradores estaduais em uma fazenda em Vila Rica (MT). O júri começou na terça-feira (6) e terminou na madrugada desta quarta-feira (7) no Fórum de Vila Rica.

O Tribunal do Júri condenou Bonfim a cumprir 47 anos e 3 meses de prisão, além de mais um ano e meio de detenção.

Saint-Clair Martins Souto, de 78 anos, e Saint-Clair Diniz Martins Souto, pai e filho, respectivamente, foram mortos a tiros em Vila Rica em setembro de 2016. Um dia depois, Bonfim foi preso em Colinas (TO) e confessou o crime.

Desde então o vaqueiro está preso na Penitenciária Major PM Zuzi Alves da Silva, em Água Boa, a 736 km de Cuiabá.

Saint-Clair Martins Souto era procurador aposentado no Distrito Federal e Saint-Clair Souto atuava na Procuradoria-Geral do Rio de Janeiro.

A previsão, anteriormente, era de que o júri se estendesse até quinta-feira (8), no entanto, terminou antes do esperado.

Bonfim deve retornar ao presídio onde vai cumprir a pena.

Júri

A viúva e mãe das vítimas, Elizabeth Diniz Martins Souto, é advogada e atuou como assistente de acusação e a nora dela, viúva de Saint Clair Filho, Maria Cecília de Marco Rocha, que é juíza federal, foi representada como assistente de acusação pelo advogado Mário Alves Ribeiro.

“Extremamente triste, porque a vida toda subi na tribuna e nunca pude imaginar que já no apagar das luzes, há tantos anos de profissão, querendo parar, eu fosse fazer Justiça ao meu marido e ao meu filho”, declarou.

No julgamento, o vaqueiro confessou o assassinato dos procuradores, mas se manteve em silêncio durante a audiência.

“Primeiro eu queria pedir desculpa para a família das vítimas, pedir desculpa para a população de Vila Rica, cumprimentar a bancada aqui. O povo que veio assistir, a expectativa deles é ouvir um depoimento meu mais específico, mas no momento achei por bem não falar nada”, disse José Bonfim.

O caso

De acordo com a denúncia do Ministério Público Estadual (MPE), Bonfim atirou em Saint-Clair quando o idoso estava montado em um cavalo. A vítima foi atingida pelas costas enquanto andava pela propriedade.

O funcionário, então, foi até o curral da fazenda e procurou pelo filho da vítima dizendo que o pai havia caído no pasto. Os dois foram a cavalo até o local indicado por Bonfim.

No momento em que Saint-Clair viu o pai caído, desceu do cavalo e se aproximou. Bonfim, ainda montado no cavalo, atirou e matou a segunda vítima pelas costas. O funcionário ainda escondeu os corpos das vítimas.

Para o MPE, Bonfim matou as vítimas porque os procuradores teriam desconfiado que o funcionário estava furtando gado e revendendo os animais deles. O vaqueiro confessou o crime, tanto à polícia quando à Justiça de Mato Grosso

Quando do início das novas investigações sobre o crime de furto de gado, o delegado Gutemberg de Lucena afirmou à época que o funcionário teria causado um prejuízo de, pelo menos, R$ 1 milhão às vítimas.

Com a quebra do sigilo bancário, a polícia descobriu que a movimentação financeira na conta do funcionário nos últimos meses era bem maior do que salário que ele recebia, de R$ 1,2 mil por mês. Ele foi capturado após fazer um saque em uma agência em Colinas do Tocantins.

Bonfim era funcionário da família há oito anos.