Vítimas de agente preso por tortura e cárcere dizem que ele as obrigava a beber urina e a tatuar o nome dele
G1 MT
O agente penitenciário Edson Batista Alves, de 35 anos, preso em Cuiabá suspeito de torturar e manter em cárcere privado a mulher dele e o enteado de 6 anos, foi denunciado por outras seis mulheres que tiveram relacionamentos amorosos com ele. Uma delas, registrou quatro boletins de ocorrência contra o agente.
As vítimas relataram que Edson as obrigou a tatuar o nome dele. Segundo elas, caso não atendessem ao pedido, eram espancadas.
De acordo com essas mulheres, durante as sessões de tortura, o agente as obrigava a beber a urina dele em um copo.
Uma das ex-mulheres de Edson, que não quis ter a identidade divulgada, contou à reportagem que o suspeito deu o primeiro tapa nela logo no início do casamento. Em seguida, ele teria se ajoelhado diante dela e prometido nunca mais fazer aquilo.
“Depois tivemos uma discussão e disse que queria terminar. Ele me agrediu muito e eu precisei ajoelhar e dizer que queria ficar com ele. Edson sempre foi muito obcecado e doente. É uma pessoa muito ruim”, relatou.
A vítima disse ainda que, recentemente, o suspeito foi até a casa e tentou obrigá-la a entrar no carro, mas ela se recusou. “Ele disse que vai matar me matar, disse com todas as letras”, contou.
As mulheres contaram ainda que as sessões de tortura chegavam a durar horas.
Tortura e cárcere
Edson Batista foi preso na madrugada dessa quinta-feira (21) após a mulher dele e o enteado fugirem e procurarem a polícia.
Segundo a polícia, a mulher e a criança eram torturadas e mantidas em cárcere privado há duas semanas. Edson chegou a quebrar o braço do enteado e o obrigou a gravar um vídeo dizendo que tinha sofrido a fratura em um acidente.
As vítimas possuem vários hematomas pelo corpo. Elas relataram que, além de socos e chutes, eram espancadas com fio de carregador, cabo de vassoura e até queimadas com água quente.
A mãe da criança namorou Edson por três meses. Ela se mudou com o filho de Rondonópolis, a 218 km de Cuiabá, para a capital para morar com Edson há duas semanas.
Ela disse à polícia que desde que começaram a morar juntos foi mantida trancada em casa e o suspeito passou a ser agressivo.
A criança afirmou à reportagem que Edson chegou a colocar a cabeça dela na privada durante as agressões.
O menino disse ainda que fingia dormir quando a mãe era espancada. No entanto, nesta semana, o padrasto percebeu que ele estava acordado e o espancou. Além dos hematomas, o menino teve o braço quebrado.
A criança foi encaminhada desacordada ao hospital.
“Ele me batia, me chutava. Ele prendia meu braço e me chutava na barriga. Tive que aguentar”, contou.
Segundo a mãe, além das agressões, o suspeito ameaçava o filho dela de morte, caso ela o denunciasse.
A vítima contou que nessa quarta-feira (20) eles foram a um jantar na casa de amigos e ela conseguiu fugir com o filho durante a madrugada quando o suspeito foi ao banheiro. Ela procurou ajuda em uma base da Polícia Militar, em Cuiabá.
A prisão
Segundo a polícia, após descobrir a fuga da mulher, Edson ainda teria rastreado o celular dela. Ele foi preso rondando a base da polícia.
Após a prisão, o suspeito foi encaminhado para audiência da custódia e a Justiça converteu a prisão em flagrante em preventiva.
Ele foi encaminhado para um presídio militar, em Santo Antônio de Leverger.
O agente atuava no Setor de Operações Especiais (SOE), mas estava afastado do trabalho por violência doméstica e era monitorado por tornozeleira eletrônica.