Mais de mil animais silvestres foram resgatados em zonas urbanas de MT em 2019

G1 MT

Mais de mil animais silvestres foram resgatados em zonas urbanas de Mato Grosso neste ano, conforme um balanço do Batalhão Florestal da Polícia Militar. Esse é o maior número registrado desde 2013 quando o Batalhão começou a fazer o levantamento.

Segundo a Polícia Militar, esse crescimento acompanha o avanço das queimadas nos últimos seis anos no estado.

Em 2013, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) registrou 18.498 focos de calor. O número subiu até 2017, teve uma queda em 2018 e voltou a subir em 2019 chegando a mais de 31 mil focos.

Entre os animais resgatados, está aves, serpentes e felinos, sendo a maioria filhotes.

Em outubro, uma onça-parda invadiu uma casa no Bairro Cavalhada, em Cáceres, a 220 km de Cuiabá, e ficou escondida embaixo da pia da cozinha. A Polícia Militar foi acionada pela dona da casa, que disse que em princípio achou que um cachorro tinha entrado no local.

Após ser capturada e levada ao Batalhão Ambiental, a onça foi solta na natureza.

Ainda neste ano, um tamanduá-bandeira entrou em uma casa no Bairro Mapim, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, e matou um cachorro do agente de vendas Paulo Rodrigues. O animal foi morto, em seguida, por outro cachorro da casa.

Segundo o morador, tudo aconteceu durante a madrugada. Ele afirmou que viu os dois cachorros brigando com um terceiro animal no quintal, que era o tamanduá.

“Puxei o cachorro e ele soltou e aí eu vi que era um tamanduá. Não aconteceu nada comigo, mas eu poderia até ter me ferido. Tentei salvar eles, mas não consegui”, contou.

Há quatro meses, dois filhotes de onça-parda foram resgatados às margens de uma rodovia e agora recebem tratamento no Batalhão há mais de quatro meses. A polícia acredita que a mãe deles foi morta atropelada.

“Quando as pessoas invadem as áreas de preservações permanentes os animais saem das casas e invadem a área urbana”, disse o biólogo do Batalhão Ambiental Juraci Vaz de Medeiros Júnior.

Em uma situação dessa, segundo a polícia, fica mais difícil reintroduzir esses animais no meio ambiente, pois, muitas vezes, eles não conseguem se alimentar sozinhos ou são encontrados machucados.

Quando sobrevivem, muitos passam a viver em cativeiros ou reservas particulares.

O biólogo Romildo Gonçalves afirmou que a legislação ambiental brasileira é moderna, mas precisa ser aplicada de maneira efetiva.

“Temos que fazer projetos de educação ambiental e capacitação de profissionais. É preciso investir em palestras, seminários, cursos e produção de materiais didáticos. Isso precisa começar em janeiro, pois quando chegar no mês das queimadas não vai dar para fazer nada. Precisamos fazer a prevenção”, ressaltou.