Policiais femininas da Rotam quebram preconceito e conquistam espaço no patrulhamento tático em MT
PM-MT
Seis mulheres fazem parte da tropa do Batalhão Rotam da Polícia Militar de Mato Grosso. Entre as policiais militares femininas da unidade estão sargento Luciana Jucá, 40 anos, cabo Nábilla Janaína (31) e as soldados Ângela Marta (31) e Maria Alves (35).
Elas atuam no policiamento ostensivo operacional e contam como é fazer parte de uma unidade especializada da PM, depois de passarem pelo segundo curso mais difícil da corporação, o COR (Curso de Operações Rotam).
As policiais representam pouco mais de 3% do efetivo da Rotam, já que a unidade especializada é formada por 160 policiais. A Policia Militar tem o efetivo total de 7.171 policiais, 573 são mulheres. Com 15 anos na corporação e 10 anos atuando na Rotam, a sargento Luciana Jucá é uma das policiais femininas pioneiras do batalhão.
Em 2010, as policiais da unidade conseguiram um alojamento feminino, o que para a sargento Jucá foi uma grande conquista, pois antes disso, homens e mulheres compartilhavam do mesmo espaço, o que era um constrangedor para todos.
“Esse espaço foi adaptado, colocamos armários, beliches, banheiro, ventilador, geladeira. Pintamos as paredes com cores mais aconchegantes como rosa, vermelho. É aqui que colocamos a farda, arrumamos o coturno, maquiamos, vamos ao banheiro e descansamos após um duro plantão de 12h. O empenho da gente em ter o nosso cantinho dentro do batalhão nos proporcionou esse espaço com mais privacidade. Antes era ruim ir ao banheiro do batalhão, temos que tirar a farda, para os homens é mais simples”, diz a sargento.
A policial Ângela Marta está há oito anos na Rotam, mãe de três filhos, ela retornou à unidade recentemente após a licença maternidade. Soldado Ângela relembra que no início teve que colocar muitos colegas de trabalho em seus devidos lugares, pois alguns duvidavam da sua competência profissional.
“Já sofri preconceito e fui motivo de chacota dos policiais porque usava luvas para fazer busca pessoal durante as abordagens de rotina. Fui apelidada até de Michael Jackson, por usar as luvas. Hoje o acessório faz parte do equipamento obrigatório individual do policial”, lembra.
A policial recorda ainda que “quando alisava o cabelo, eles molhavam a minha boina para estragar meu penteado. Conquistamos nosso espaço, vencemos o preconceito. No curso falavam que mulheres não passam no COR. Bom, passei e a pessoa não. Hoje temos o respeito de todos, provamos que somos operacionais, de igual para igual. Se o cidadão nos provoca, também atuamos com ética, dentro da lei e com profissionalismo. Podemos realizar nossos sonhos. As policiais militares femininas são a prova disso”.
Sargento Jucá ressalta que mulheres e homens são iguais, independente do gênero. A militar reconhece que houve uma evolução. “Quando uma policial ficava gestante, ficávamos sabendo dos comentários preconceituosos, do tipo, ‘ela engravidou porque não quer trabalhar’. Isso mudou. Hoje recebemos o apoio dos nossos colegas e até o cuidado deles, em tal situação”.
Em um breve panorama, ela lembra que há uns dez anos, as mulheres não eram bem aceitas. “Os homens não queriam trabalhar conosco. Um dia eu estava na viatura com um colega e o policial ficou dando voltas no quarteirão, até chegar reforço. Ele não queria chegar sozinho no local do fato porque duvidava que eu fosse capaz de ajudá-lo. Preferia esperar outros homens chegarem ao local para depois a gente chegar”, relembra a sargento.
A postura profissional, conhecimento técnico e administrativo das seis policiais, para o comandante do Batalhão Rotam, faz delas profissionais de destaque na unidade. “São poucas as mulheres no nosso efetivo, a gente busca sempre apoiá-las. Não existem cotas, as policiais conquistaram o direito de estarem aqui, assim como os homens. A mulher é mais detalhista, elas representam a Rotam”, conta o comandante.