Feminicídios “explodem”; 22 mulheres já foram mortas de janeiro a abril deste ano

RDNews

Governo divulgou números sobre femínicidios no Estado nos quatro primeiros meses e houve um acrescimento de 47% em relação ao mesmo período de 2019. De janeiro a abril, já foram mortas 22 mulheres, contra 15 ano passado, seja por ciúmes, por querer terminar relacionamento amoroso ou outros motivos que as colocaram em vulnerabilidade em relação com homem.

O governo não faz elo entre o aumento desse tipo de mortes e o isolamento social imposto pela pandemia de Covid-19, que muitas vezes aproxima dentro de casa a vítima de seus agressores. Alega não ter elementos comprobatórios, já que esses dados ainda são parciais.

O pico dos crimes foi em março, com 7 ocorrências, uma média de 1 a cada 4 dias. Contra dois, registrados no mesmo mês ano passado.

Os dados, da Superintendência do Observatório de Violência da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp-MT), são considerados preliminares, pois podem ocorrer modificações em alguns casos. Isso porque, após investigação policial e definição de autoria e motivação, podem ser classificados como homicídio doloso.

O Observatório também concluiu o levantamento de homicídios de vítimas femininas, de todas as idades, que incluem todas as motivações. De janeiro a abril de 2020 foram registrados 28 casos, contra 31 no mesmo período de 2019 e 30 em 2018. Do total deste ano, um caso ocorreu em Cuiabá e o restante em municípios do interior do Estado.

Entre as motivações estão a passional (57%), a apurar (14%), vingança ou rixa (11%), drogas (7%), fútil (7%), e erro de execução (4%). Quanto ao meio empregado, a arma cortante ou perfurante foi a mais utilizada (54%), seguida de arma de fogo (21%), outros (11%), e arma contundente e força muscular (7% cada).

Com relação às ocorrências envolvendo vítimas femininas de 18 a 59 anos de idade em Mato Grosso, o primeiro quadrimestre deste ano apresentou redução de 14% em relação ao ano passado. Foram feitos 12.707 registros em 2020, enquanto entre janeiro e abril de 2019 foram 14.757. Os crimes de ameaça aparecem com 5.871 casos este ano e 6.889 no ano anterior (-15%), lesão corporal com 3.083 registros agora e 3.356 em 2019 (-8%), e estupro com 123 em 2020 e 130 no ano passado (-5%).

Redução também em Cuiabá

Na capital, essas reduções seguem a mesma linha. De janeiro a abril deste ano foram registradas 3.120 ocorrências de vítimas femininas de 18 a 59 anos de idade. Já no mesmo período de 2019 foram 3.434, representando -9% em números de registros. O crime de ameaça é o que possui mais casos, com 1.185 (2020) e 1.360 (2019), com redução de 13%. Lesão corporal também apresentou -12% de casos (542 este ano e 614 no ano anterior).

Ainda em Cuiabá, os crimes de assédio sexual e importunação sexual reduziram 50% e 6%, respectivamente. Foram dez registros em 2020 e 20 em 2019 no caso de assédio e 15 este ano e 16 no ano passado, no caso de importunação sexual. Foram dois registros a mais no caso de estupro, passando de 22, no ano anterior, para 24 casos, este ano.

Denúncia e socorro

É importante ressaltar que todos os canais de denúncia e socorro continuam funcionando normalmente, mesmo no período de isolamento social por conta do novo coronavírus (Covid-19). Estão à disposição os disques-denúncia 190, 197, 180 e 181. Além disso, as delegacias (PJC-MT) também estão com atendimento presencial normal, assim como a Patrulha Maria da Penha (PM-MT), que faz rondas para atendimento às vítimas que possuem medida protetiva.

Algumas Delegacias Especializadas de Defesa da Mulher criaram, em função do período de isolamento social, canais para denúncias e atendimento psicológico pelo serviço de WhatsApp. Em Cuiabá, o número (65) 99973-4796 está disponível para as vítimas. Em Várzea Grande, a Delegacia que tem atribuições investigativas de crimes contra vítimas mulheres, crianças e idosas, criou o número (65) 98408-7445 para receber denúncias via WhatsApp.

Vídeo

O RDNews divulgou vídeo feito por feministas, para ajudar mulheres que estejam em isolamento junto com parceiros agressivos.