Com um médico para 32 aldeias, campanha busca doações para atender mais de 100 indígenas com Covid-19

G1 MT

Mais de 100 indígenas foram diagnosticados com Covid-19 após um encontro religioso realizado na etnia Zoró, em Rondolândia, no fim do mês de junho. A região conta apenas com um médico, uma enfermeira e um motorista.

A etnia é formada por cerca de 700 índios espalhados em 32 aldeias.

Devido à falta de estrutura e assistência médica, a Associação do Povo Indígena Zoró lançou uma campanha para buscar doações em dinheiro para comprar insumos e equipamentos para atender os povos da região.

De acordo com o cacique Panderewup Zoró, uma idosa está intubada em estado grave em um hospital da cidade, e pelo menos oito indígenas estão em isolamento na Casa de Saúde Indígena (CASAI) de Ji Paraná (RO).

Panderewup disse ainda que a situação do CASAI é precária e não há profissionais especializados para atender os contaminados pelo novo coronavírus, pois a maioria está afastado também devido ao vírus.

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O G1 entrou em contato com a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), mas até a publicação desta matéria não obteve retorno.

Como é uma área afastada das cidades, a população encontra dificuldades para levar os pacientes para atendimento médico. São cerca de 300 km em estrada de chão para chegar até um hospital.

A ameaça, segundo a Associação, se estende aos cerca de 2,5 mil índios vizinhos das etnias Gavião, Arara e Cinta Larga, espalhados entre Mato Grosso e Rondônia.

O encontro
A Associação informou que o encontro, já previsto no calendário indígena em junho, reuniu índios de várias aldeias, o que teria causado a contaminação em massa.

Um comunicado feito pela Fundação Nacional do Índio (Funai), no dia 13 deste mês, retrata a situação vivenciada pelos indígenas frente à pandemia.

Conforme o documento, está sendo enviadas orientações sobre a prevenção para o novo coronavírus, mas as ações não têm sido suficientes.

“Reforçamos nossas orientações com intuito de impedir encontros e aglomerações neste período em que a pandemia estava em acensão nas regiões circunvizinhas, porém foi em vão, levaram adiante a inciativa e mantiveram a programação. Neste encontro, discutiram sobre as atividades religiosas e festas com calendário anual das aldeias, sendo afirmado que seriam mantidos os calendários das festas religiosas”, diz em trecho do documento.

Após o encontro, a Secretaria de Saúde de Rondolândia enviou alguns testes rápidos para as aldeia Zoró, mas não foi suficiente para testar toda a população.