Em Campinápolis: MPF investiga invasão a centro de saúde por indígenas negacionistas da Covid-19

RDNews

O Ministério Público Federal (MPF) instaurou inquérito para apurar o caso de uma invasão à Casa de Saúde Indígena (Casai) em Campinápolis (MT). Em julho do ano passado, dois indígenas entraram na unidade e teriam tentado levar de lá outros nativos que estavam internados com a Covid-19. Segundo a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), eles negavam a existência da doença.

O procurador da República Everton Pereira Aguiar Araújo abriu a investigação para apurar “exposição da saúde de outrem a perigo direto e iminente e possível infringência de determinação do poder público destinada a impedir a propagação de doença contagiosa”.

Desde o episódio, diversas organizações da sociedade civil se mobilizaram para informar os indígenas em Mato Grosso sobre os riscos da Covid-19.
Campinápolis fica no Distrito Sanitário Especial Indígena (DSEI) Xavante. Na época da invasão, a Sesai emitiu nota informando que dois indígenas da aldeia do Polo Base Campinápolis foram até a unidade de saúde por volta das 6h40 da manhã e impediram a entrada da equipe no local. Apenas uma técnica de enfermagem, que já estava dentro da casa, ficou no interior.

“Os invasores estavam alcoolizados e sem máscara. Após conseguirem apoio de outros Xavantes, apoiados por um funcionário terceirizado que atuava na instituição, tiraram todos os informativos técnicos e orientações sobre COVID-19 que estavam no ambiente, bem como exigiram que os pacientes saíssem dos quartos e fossem para o refeitório”, afirmou a secretaria.

Os invasores teriam exigido que os veículos levassem os pacientes para a aldeia e dito que a Covid-19 não existe. “A cada momento faziam exigências na própria língua materna, de forma exaltada, buscando convencer os pacientes a não continuarem mais no isolamento e voltarem para suas casas nas aldeias. Diante da situação, muitos pacientes começaram a ficar agressivos”.

O chefe da Casai estava de férias e foi até o local, encerrando a situação após a negociação. Cinco pacientes que estavam internados não quiseram mais ficar no isolamento e saíram da unidade, circulando por mercados e bancos, antes de voltarem para a aldeia.