Indígena é recusada em hospital e morre a espera de UTI

Ao procurar atendimento, em estado considerado de extrema gravidade, a paciente Maria Ilda Tipiuci, 46 anos, morreu nesta sexta (4) após ter sido recusada no Hospital São Lucas de Juína onde passou mais de duas horas em frente à unidade de saúde aguardando internação. Indígena da etnia Manoki de Brasnorte, ela procurou por cuidados médicos no município de Juína (1255 km de Barra do Garças) dia 31, já com diagnóstico inicial de Acidente Vascular Cerebral (AVC) e sintomas de complicações da Covid-19.

Quando deu entrada em Brasnorte, ela foi testada duas vezes para Covid e os exames deram negativo, mas os médicos apontaram que os sintomas eram suspeitos e foi feita uma tomografia. Após apresentar piora, ela foi levada para Juína onde conseguiu vaga em UTI.

Contudo, ao chegar na unidade, Maria não pode ser internada e ficou em frente ao hospital em uma ambulância por mais de duas horas até ser informada que o médico no local se recusou a receber a paciente. Ele alegou que laudo (tomografia) encaminhado pelo profissional que a atendeu, ainda em Brasnorte, era inconclusivo para Covid ou para descartar a doença, e ela teve que voltar para o município onde reside.

Após dois dias, a equipe médica recebeu a notícia de que ela havia sido regulada para uma UTI, novamente em Juína. Mas, já com a saúde agravada, Maria morreu antes de ser levada ao hospital onde já havia sido recusada.

A Secretaria de Estado de Saúde (SES), sobre o caso, em nota, esclareceu que “a regulação estadual trabalhou para fornecer a assistência necessária, conforme a avaliação médica. O esclarecimento quanto à decisão de receber ou não a paciente deve ser prestado pela unidade hospitalar de Juína”.

Maria era professora na Aldeia Cravari Manoky/Iranxe. Nas redes sociais, amigos e familiares lamentaram a perda. “Deus conforte o coração de cada dos familiares e amigos a da dona Maria Ilda Tipiuci que todos lembrem das coisas boas que ela fez e ensinou para cada um, como uma grande professora e mulher guerreira, sabemos que a última palavra vem de Deus. Amém”, diz uma das postagens.

 

Nota da Secretaria Estadual de Saúde na íntegra

A Secretaria Estadual de Saúde (SES-MT) esclarece que a solicitação de vaga para a paciente M.I.T. foi feita às 18h da quarta (02) e a vaga foi cedida às 9h do dia seguinte, em UTI geral, no município de Juína. Em nenhum momento foi reportada suspeita de Covid-19 para a equipe de regulação. 

No entanto, por medida de biossegurança, o hospital que recebeu a paciente realizou exames de detecção da Covid-19, sendo que a tomografia deu inconclusiva. A unidade não aceitou a paciente, que retornou para o hospital em Brasnorte. Na manhã desta sexta (04), o hospital de Brasnorte apresentou novos exames e conseguiu comprovar que a paciente não tinha suspeita para Covid-19; a vaga foi novamente liberada. 

A regulação estadual trabalhou para fornecer a assistência necessária, conforme a avaliação médica. O esclarecimento quanto à decisão de receber ou não a paciente deve ser prestado pela unidade hospitalar de Juína.

RD NEWS