Homem de 35 anos diz que apanhou de policiais militares na frente da familia por ser negro
Jornal Cidade MT
Um homem de 35 anos registrou boletim de ocorrência contra dois policiais militares após supostamente ter sido agredido por questões raciais em Sinop, a 985 km de Barra do Garças. A Polícia Militar de Mato Grosso informa que a Corregedoria Geral da PM recebeu a denúncia dia 28 de julho de 2021.
Um pedido de providência está sendo encaminhado para o 3º Comando Regional de Sinop para apuração mediante sindicância. Os policiais também registraram boletim de ocorrência contra a suposta vítima.
Conforme o advogado Nestor Fidélis, que atua na defesa da vítima juntamente com juristas como Aurélio Augusto Jr, que presidiu a Comissão de Igualdade Racial da OAB/MT, e Márlon Reis, ex-juiz, idealizador da Lei da Ficha Limpa, que também é advogado, uma ação coletiva contra o estado será ajuizada “por conta desse absurdo racismo estrutural que ainda permeia as relações em nossa sociedade, especificamente, neste caso, em Mato Grosso”.
Segundo o boletim de ocorrência, a vítima, que mora em Cuiabá, estava em um residencial de quitinetes, onde mora um familiar, em Sinop, no dia 25 de julho, já se preparando para retornar à capital, junto com a mulher e os dois filhos, um de 5 anos e uma adolescente de 16 anos, quando foi abordado por um policial à paisana.
A vítima contou à polícia que estava conversando com a mulher, quando foi interrompido por um policial, que também reside em uma das quitinetes, que teria lhe ameaçado de morte.
Ele e a mulher seguiram para a rodoviária e, chegando lá, teriam sido abordados por dois policiais à paisana, que alegavam que ele havia danificado o carro de um deles e que iriam levá-lo para a delegacia.
Ele se recusou a ir e, por isso, foi agredido com socos e pontapés, até que uma viatura da PM chegou ao local e o levou. A vítima disse ter sido espancada pelos policiais e por outros, que chegaram posteriormente.
Conforme o advogado, a vítima foi “covardemente agredida por policiais sem motivo algum. A filha começou a filmar e os agressores quebraram o aparelho celular dela. O filho de 5 anos se desesperou ao ver seu pai apanhando e, com medo da polícia, urinou nas calças e passou mal”. “Com algemas super-apertadas, ele continuou apanhando, sendo chamado de negro, macaco, preto nojento, etc. A cada policial que chegava ele era apresentado com alguém que seria matador de policiais, então, apanhava mais e mais”.
O advogado Nestor Fidélis destaca que além da indenização por dano coletivo à humanidade, também pedidos de criação de delegacia para investigar crimes de racismo, pedido de campanha permanente de educação e conscientização, pedido de criação de políticas públicas realmente voltadas ao respeito ao próximo, além de outros, são alguns dos pedidos a serem apresentados ao Judiciário. “Sabemos que essa conduta não é generalizada pela PM, aliás as PM são parceiras da OAB/MT em várias ações, como na prevenção ao uso de drogas. Sabemos, também, que existem inúmeros policiais afastados do serviço por conta de doenças emocionais, da mesma forma como estão a vítima, sua mulher e filhos”.
Ainda segundo ele, “como o racismo é geral, deve ser combatido e é estrutural, pois, casos assim não devem ser aceitos, pois são incontáveis e não resultam em mudança por parte do Poder Público, instituições de MT e nacionais se uniram para buscar uma punição exemplar contra o estado”.
Folha Max.