2022 é o último ano para investir em energia solar com isenção fiscal
Marco legal do setor prevê cobrança de taxas a partir de 2023
Os consumidores interessados em aproveitar a geração de energia solar sem a cobrança de mais um imposto têm até o final deste ano para fazer o projeto e instalação dos painéis solares. Conforme o marco do setor, sancionado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL), a cobrança será feita de forma gradual e pode alcançar mais de 20% até 2031.
De acordo com o presidente do Sindicato da Construção, Geração, Transmissão e Distribuição de Energia Elétrica e Gás de Mato Grosso (SindiEnergia/MT), Tiago Viana Arruda, o imposto será cobrado com base na carga transmitida pelo ‘fio B’, que é o responsável por injetar a energia não utilizada na rede elétrica. A taxa não será cobrada sobre a energia utilizada na hora pelos consumidores.
Cálculos ainda deverão ser feitos para avaliar qual a economia proporcionada ao sistema elétrico, pois como a energia é gerada e utilizada no mesmo local, não há perdas como ocorre nas linhas de transmissão. O percentual de economia será descontado do “novo imposto”, que deve chegar a 28% ao longo de dez anos, quando terminar o período de transição.
“Durante 10 anos, vai sair de 0 até 28% sobre o valor da energia injetada. E vai ser descontado desses 28% o benefício que a geração distribuída traz para o sistema elétrico. Esse benefício será medido agora, através de um grupo de trabalho com o CNPE (Conselho Nacional de Política Energética) e as entidades setoriais, que vão valorar o quanto a geração distribuída traz de benefícios”, explica.
Apesar de parecerem concorrentes, a geração de energia por meio das hidrelétricas e a solar são complementares. Tiago explica que a combinação dos dois métodos de geração permite criar uma “bateria” mais barata do mundo. Dessa forma, durante o dia a energia solar seria a mais utilizada. Já durante a noite, abrem-se as comportas das barragens para abastecer as residências.
“Desse modo, você consegue otimizar as duas fontes renováveis que nós temos, de grande potencial, que é a hídrica e a solar. Com isso, traz um equilíbrio para o sistema e essa possibilidade de criar a bateria mais barata do mundo, a água na barragem. É só usar a gravidade e ser inteligente na hora de operar”, completa.
Ainda segundo Tiago, a energia solar é a melhor amiga do meio ambiente, pois os sistemas mais modernos que estão sendo fabricados têm garantia de 30 anos. Portanto, a vida útil de um sistema fotovoltaico pode durar até 60 anos, tornando o investimento extremamente atrativo a longo prazo.
Para exemplificar os benefícios da energia fotovoltaica, o Estadão Mato Grosso conversou com o analista de sistemas Jander Gonçalves, que trabalha em ‘home office’ e sempre se preocupava em economizar energia. Mesmo ficando dentro de casa boa parte do dia, o uso de ar-condicionado era regrado. Isso mudou após a instalação da microgeração.
Se antes procurava economizar energia em tudo, agora já abandonou até o fogão a gás em troca de panelas elétricas, garantindo mais qualidade de vida. O consumo de energia na casa de Jander passou de cerca de 300 KWh/mês para cerca de 500 KWh/mês após a instalação do sistema, mas a ‘conta de energia’ permaneceu praticamente a mesma.
“A energia solar é muito boa. Trouxe possibilidade de comprar mais equipamentos elétricos, comprei um ar-condicionado para a sala, forno elétrico, panela de pressão elétrica, panela elétrica de arroz, consegui deixar de utilizar o gás de cozinha, que também tem aumentado bastante”, explica, acrescentando que, apesar de todo o consumo, ainda injeta cerca de 300 KWh por mês de crédito.
Jander fez um financiamento de 60 meses, a uma taxa de 1,53% ao mês. O valor do sistema ficou em R$ 24.300. Somando juros e taxas bancárias, o valor total do financiamento ficou em R$ 40.320, parcelado em R$ 672 mensais. Somado ao valor da nova fatura, ele paga mensalmente R$ 770, cerca de R$ 340 a mais do que pagava antes. Porém, ele dobrou o consumo e projetou seu sistema para gerar mais energia do que consome.
Planejamento considera aumento no consumo
Proprietário de uma empresa especializada em energia solar, Diego Costa explica que os sistemas já são calculados com uma espécie de ‘sobra’, pois há uma tendência natural de aumentar o consumo de energia após a instalação. O primeiro passo na elaboração do projeto é avaliar o consumo, se o cliente usa de forma regrada ou não.
“A partir disso, vamos analisar qual o tipo de telhado da casa dele, o tipo de padrão e relógio, qual a classe de consumo ele está inserido. Com essas informações, geramos uma proposta. Se o cliente gasta R$ 500 por mês, sugerimos fazer um planejamento de R$ 700”, explica Diego, acrescentando que a parte do telhado que vai receber as placas deve estar voltada para o norte, de forma a maximizar os rendimentos.
Após as definições sobre a forma de pagamento, dá-se início aos procedimentos junto à Energisa, com apresentação de projetos. De acordo com Diego, o projeto costuma já estar aprovado pela Energisa quando todos os materiais chegam dos fornecedores, pois a concessionária tem prazo de até 20 dias para a análise.
Depois de feitas as instalações, uma vistoria é solicitada e deve ser feita pela concessionária de energia em até 7 dias.
“Eles vão trocar o relógio por um bidirecional, que tem a entrada de energia e a saída. A partir disso, o cliente já está gerando energia e jogando na rede. Esse é o último processo da cadeia, quando a Energisa vai lá e troca o relógio. Depois disso, nós fazemos uma entrega técnica, com toda a papelada e aplicativo para o cliente fazer um monitoramento”, conclui.
Estadão MT