Por falta de alimentos e remédios, indígenas ameaçam bloquear a BR-158 e outras rodovias no Araguaia
Caciques e cacicas de 14 aldeias da etnia Xavante que vivem na Terra Indígena de Marãiwatsédé, região dos municípios de Alto Boa Vista e Bom Jesus do Araguaia, se reuniram neste domingo (18) e estão em alerta para possível bloqueio de estradas, incluindo a principal rodovia da região, a BR-158.
“Sinto muito de falar. Eles (caciques e cacicas) decidiram que se não houver a vossa atenção, com maior urgência eles se manifestam de bloquear estradas e interditar pontes”, afirmou o cacique José de Arimateia, porta-voz das lideranças.
Há meses as lideranças têm alertado para o risco de escassez de comida e remédios nas aldeias. No início do mês eles reforçaram as denúncias mostrando, por vídeos, a falta de medicamentos no posto de saúde da aldeia Marãiwatsédé, que atende os quase dois 2 mil indígenas.
“Sensibilizar com a solicitação, porque estou muito preocupada com as mulheres gestantes, porque não tem como pagar o exame de ultrassonografia, por isso te peço. Antes morria muitas crianças, até no ventre, mas com esse pagamento dos arrendatários melhorou condições de atendimento da saúde das mulheres”, pediu a cacica Marta Cléria Pe’rãiwa da aldeia Cristo Rei.
Desde 2018 as famílias Xavante que vivem na TI de Marãiwatsédé tentam viabilizar um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) junto Ministério Público Federal (MPF) e à Funai, mas a proposta não avançou por inoperância das duas instituições. O apelo das lideranças era para que regularizasse a parceria estabelecida com pecuaristas da região para o uso dos pastos na terra indígena.
A Terra Indígena Marãiwatsédé possui mais de 165,2 mil hectares a nordeste de Mato Grosso e quando os indígenas retornaram para a área, em 2013, 70% já era pasto. A parceria com os pecuaristas foi estabelecida em 2018, após anos de fome e miséria, mas por determinação da Justiça Federal os pagamentos aos indígenas estão bloqueados e as aldeias sem recursos.
Em julho juíza da Vara Federal de Barra do Garças, Danila Gonçalves de Almeida, autorizou a criação de gado na TI Marãiwatsédé, para agricultura familiar da comunidade, mas em recente decisão da Justiça Federal foi determinado o bloqueio de todo o patrimônio dos parceiros que usam o pasto na área o que impede o pagamento aos indígenas.
“Comunidade de toda a terra indígena de Marãiwatsédé está em situação difícil. Não tem como se alimentar, não tem como ter condições de vida aqui na terra indígena. Por isso te peço gentileza na maior colaboração de reverter esta situação”, pediu o cacique José de Arimateia..
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