É um monstro; eu tinha esperança que pegasse a pena máxima
A mãe do empresário Toni Flor, assassinado a mando da esposa, lamentou a sentença da ex-nora e afirmou que tinha esperança que Ana Cláudia Flor “pegasse a pena máxima”, depois de ter encomendado o crime.
A viúva da vítima foi condenada a 18 anos de prisão em um júri popular realizado na semana passada.
“Tinha esperança que ela pegaria a pena máxima. Aquela mulher ficou mentindo por um ano para a Justiça. Um ano convivendo dentro da minha casa, comendo e chorando junto comigo”, afirmou, indignada, Leonice Flor.
A pena máxima para homicídio qualificado no Brasil é de 30 anos.
“O meu sentimento é de tristeza, meu coração está partido e minha alma ferida. Meu filho, tão lindo, amoroso. Sinto a dor na minha alma, tem dia que eu choro muito e não saio do sofá”, completou.
Diante do júri, Ana Cláudia chegou a chorar enquanto apresentava sua versão dos fatos. Ela assumiu ter encomendado crime, alegando ter agido sob forte emoção após uma briga, mas disse que se arrependeu um dia depois de ter contatado o atirador.
“Fiquei indignada, aquilo eram lágrimas de crocodilo. Ela é um monstro”, afirmou Leonice.
Para a irmã do empresário, Viviane Flor, o mais triste é ver a imagem de Toni manchada. “Ela tirou a vida dele e no tribunal do júri tentou tirar a honra, falando um monte de mentiras”, disse.
Dona Leonice, que acompanhou todo o julgamento de perto, destacou ainda a falta de coerência da ex-nora, que ora falava mal, ora bem do ex-marido.
“Falava que ele era ruim, que ele batia nela, que fazia isso e aquilo. Depois falava que ele era um bom pai, um bom marido, que não deixava faltar nada. Não sei o que foi aquilo, não entendi não”.
Maçã podre
Dona Leonice disse que lá no fundo, desde o começo, sempre soube que a mandante do crime havia sido a então nora. “Meu coração de mãe falava que tinha sido ela. Morou comigo por sete anos, e eu nunca vi uma criatura tão ruim quanto aquela”.
Segundo ela, em pequenas atitudes do dia a dia, a esposa do filho demonstrava sua índole.
Sem ver as netas desde a prisão de Ana Cláudia, Leonice teme pelo exemplo que elas estejam recebendo em casa. As três meninas hoje tem 7, 11 e 12 anos.
Ela relembrou um episódio em que a mãe da empresária deixou de participar de uma viagem em família depois de ter esfaqueado o marido.
“Tenho muito medo, vivia angustiada por causa disso. Do jeito que a mãe da Ana fez com o pai dela, e ela [Ana] achou que estava certo, as filhas também podem crescer desse jeito”, lamentou.
Segundo Leonice, uma das netas foi levada para depor pelo advogado de Ana Cláudia, mas o depoimento foi dispensado pela juíza.
“Colocaram na cabeça das meninas que elas apanhavam, que ele tirava a arma pra elas”.
De acordo com a família, Toni era um pai amoroso, que fazia de tudo tanto pela esposa quanto pelas meninas. Brincava de casinha, deixava que elas o maquiassem…
“Depois que isso aconteceu a minha vida acabou. Eu gostava muito de me arrumar, comprar roupa e sapato bonito, carrente de ouro. Pra mim tudo isso já era, não tem mais vontade”.
Sentia que ia morrer
Leonice acredita que Toni sentia que iria morrer, que estava perto disso acontecer.
“Ele sempre me pedia a benção, mas nunca me dava a mão. Nos últimos três meses ele ia onde eu estava, pegava na minha mão e falava ‘bença mãe’, e chacoalhava minha mão”.
Mostrando uma foto em que apareciam dois amigos que já haviam morrido, Toni dizia que “era duro de morrer”.
“Ele falava: ‘Só ficou eu, e tô duro pra morrer. Tive tuberculose e não morri, tive a Covid e não morri’. Logo que ele sarou da covid a Ana mandou matá-lo”.
“Eu acho que ele sentia que ia morrer”.