Bancada evangélica não cresce como esperado e deve ser 20% da Câmara
A bancada evangélica identificou 102 deputados federais e 13 senadores que devem engrossar suas fileiras na próxima legislatura.
Isso equivale a 20% da Câmara e 16% do Senado. O número fica aquém dos 30% de parlamentares que o presidente do bloco, Sóstenes Cavalcante (PL-RJ), vislumbrou alcançar nesta eleição, quando a reportagem da Folha de S.Paulo conversou com ele no começo do ano.
A meta era se aproximar do tamanho dos evangélicos na população, estimado nesses 30%.
Membro da igreja de Silas Malafaia, Sóstenes diz que o grupo deverá ter tamanho similar ao da atual bancada e aponta motivos para a frente não ter crescido.
O deputado afirma que este pleito elegeu muitos bolsonaristas, uma parcela que será conservadora e de direita, mas não é evangélica. Ainda. Um projeto pessoal que ele tem, conta, é evangelizar colegas para que eles se convertam à sua fé.
Carla Zambelli (PL-SP) é um exemplo. Ela tinha migrado do catolicismo para o evangelicalismo, mas em agosto contou à Folha de S.Paulo que ainda estava na dúvida. “Sofri um baque nesta semana, conheci a imagem da Nossa Senhora que chora.”
Sóstenes afirma que conversou com a parlamentar na terça (4) e lhe disse que ela teve “um encontro com Cristo” e que a conversão era um processo. “Estou a ajudando a definir o que o coração dela quer.”
O líder da bancada vê outro empecilho para a dilatação do bloco: a pulverização de candidaturas evangélicas, em parte puxada por presidentes de partidos que colocaram para jogo eleitoral nomes sem grande chance de ganhar. Eles, contudo, acabaram tendo sua cota de eleitores, o que colaborou para drenar a votação de candidatos mais fortes, que acabaram não entrando.
A nova Frente Parlamentar Evangélica ganhará adesões de peso, como Nikolas Ferreira (PL-MG), que aos 26 anos virou o recordista de votos para a Câmara no país todo. A juventude evangélica e bolsonarista também será representada por André Fernandes (PL-CE).
Há pelo menos quatro nomes da esquerda que representarão a minoria progressista da religião. Duas são deputadas reeleitas do PT, Rejane Dias (PI) e Benedita da Silva (RJ). Aumentam o time Marina Silva (Rede-SP) e o pastor Henrique Vieira (PSOL).
O tamanho da bancada ainda pode encolher ou crescer. Alguns dos eleitos, por exemplo, têm a candidatura sub judice. Sóstenes também lembra que sua equipe ainda não fechou o balanço. Podem surgir novatos que são evangélicos e eles ainda não sabem.
Há estados com metade dos escolhidos nas urnas que se declaram evangélicos, caso de Roraima e Amazonas, segundo o deputado. Outros não têm nenhum nome até o momento, como Rio Grande do Norte.
Damares Alves (Republicanos-DF) e Magno Malta (PL-ES) são alguns dos evangélicos que terão cadeira no Senado.
Ela era assessora parlamentar de Malta, ex-senador que agora volta ao posto. Quando ganhou o cargo de ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, cobiçado por Malta, foi acusada por pares cristãos de traição. Os dois, agora, voltam ao Congresso como colegas.
Sóstenes define Malta como “nosso pit bull”.