Bolsonaro nega ataque a nordestinos ao mencionar analfabetos
Guilherme Mazui | g1
Dois dias após ter associado a vitória do ex-presidente Lula (PT) em estados do Nordeste ao analfabetismo na região, o presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta sexta-feira (7) que não atacou os nordestinos.
No primeiro turno, Lula venceu em 14 estados, e Bolsonaro, em 13. Entre os 14 em que Lula venceu, estão os nove estados do Nordeste.
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Na última quarta (5), Bolsonaro afirmou: “Uma notícia importante, pessoal: ‘Lula venceu em nove dos dez estados com maior taxa de analfabetismo’. Vocês sabem quais são esses estados? São do nosso Nordeste. Não é só taxa de analfabetismo alta o mais grave nesses estados. Outros dados econômicos agora também são inferiores nessas regiões.”
A declaração gerou repercussão em meio à disputa do segundo turno. Lula pediu a quem tem “uma gota” de sangue nordestino que não vote em Bolsonaro.
Nesta sexta, ao fazer um pronunciamento no Palácio da Alvorada, Bolsonaro declarou: “[Lula] Está me acusando de que agora? De não gostar de nordestino? Deve ser isso. Só mentiras.”
Em seguida, acrescentou: “Ele [Lula] agora está usando: ‘E o Bolsonaro está atacando os nordestinos como pessoas analfabetas’. Me apresente um vídeo eu atacando os nordestinos. Não tem.”
O segundo turno está marcado para o próximo dia 30. Conforme o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Lula recebeu 57 milhões de votos no primeiro turno (48,4%), e Bolsonaro, 51 milhões de votos (43,2%). Ao todo, os dois receberam cerca de 108 milhões de votos (91,6%).
Pesquisa do instituto Ipec divulgada na última quarta mostrou Bolsonaro atrás de Lula (PT) no segundo turno. Conforme o levantamento, Lula aparece com 51% das intenções de voto no segundo turno (55% dos votos válidos), e Bolsonaro, com 43% (45% dos votos válidos).
A agenda em Brasília
Bolsonaro cumpriu agenda de campanha nesta sexta em Brasília. Pela manhã, o presidente esteve em uma casa no Lago Sul, área nobre da capital, onde costuma gravar vídeos para o programa eleitoral.
Ao deixar o local, dirigiu um caminhão por um quarteirão e concedeu entrevista a jornalistas. Bolsonaro costuma mencionar com frequência a medida aprovada pelo Congresso Nacional e sancionada pelo governo que limitou o ICMS, um imposto estadual, sobre itens essenciais, entre os quais combustíveis e energia. A medida levou à redução dos preços da gasolina e do diesel, por exemplo.
“Essas medidas, todas os caminheiros reconhecem e reconhecem ainda que o preço do diesel, que está alto, não é culpa nossa. O mundo todo com a crise, com a guerra, aumentou o preço do diesel”, declarou o presidente.
Ao final da entrevista, Bolsonaro se dirigiu para o Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência, onde se encontrou com aliados, entre os quais, JHC, prefeito de Maceió (AL).
JHC, até então filiado ao PSB, partido que apoia Lula (PT), migrou para o PL, partido ao qual Bolsonaro é filiado atualmente.
Volta do horário eleitoral
O horário eleitoral voltou a ser exibido nesta sexta-feira (7) e, no primeiro dia de inserções do segundo turno, Lula e Bolsonaro destacaram os apoios que têm recebido nos últimos dias, fizeram críticas um ao outro e agradeceram os votos obtidos no primeiro turno.
Na primeira propaganda do segundo turno, Lula mencionou o apoio de Simone Tebet (MDB). A senadora, que disputou a Presidência pela primeira vez, recebeu 4,9 milhões de votos no primeiro turno (4,1%). Na última quarta (5), Tebet declarou voto no petista. A expectativa é que os dois participem de um ato juntos nesta sexta.
A propaganda de Lula também criticou a atuação de Bolsonaro durante a pandemia e exibiu declarações do presidente, entre as quais a que “idiotas” pediam compra de vacinas. Durante toda a pandemia, Bolsonaro não seguiu as orientações de entidades médicas, criticou medidas restritivas e disseminou fake news sobre as vacinas.
O presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, citou o apoio que tem recebido de governadores (parte já o havia apoiado no primeiro turno) e do jogador de futebol Neymar.
Bolsonaro também criticou Lula e citou ações como a criação do Auxílio Brasil, a queda dos preços dos combustíveis e a redução do desemprego.