Ex de lobista de MT, doleira chega ao Brasil e se apresenta à PF
A doleira Nelma Kodama, que estava presa desde abril em Portugal por tráfico internacional de cocaína, chegou ao Brasil na quinta-feira (21). Ela passou a noite na sede da Polícia Federal no Aeroporto Internacional de Salvador após desembarcar de Lisboa.
A informação foi confirmada à imprensa nacional pelo escritório Nelson Wilians Advogado, que atua na defesa da doleira.
Nelma é ex-namorada de Rowles Magalhães, que foi assessor especial da Gestão Silval Barbosa. Ele também foi preso em abril por tráfico internacional, mas em São Paulo. Ambos são investigados pela Polícia Federal no âmbito da Operação Descobrimento.
Nelma é conhecida por ser a primeira delatora da Lava Jato e foi condenada a 18 anos de prisão em 2014. Já Rowles se tornou conhecido ao denunciar, em 2012, um esquema de pagamento de propina referente à licitação do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) em Cuiabá e Várzea Grande.
Em 2019, a Justiça chegou a investigar uma viagem romântica que os dois fizeram para a Europa.
Chegada ao Brasil
No início desta semana, a assessoria jurídica da doleira informou à imprensa que ela renunciou ao processo que tentava barrar sua extradição para “se apresentar e colaborar com a Justiça”.
“Esse é um passo importante para a apuração e esclarecimento dos fatos. Dessa forma, ficará mais fácil comprovar que ela não tem ligação com o tráfico internacional de drogas”, disse o advogado Santiago Andre Schunck em nota.
Operação descobrimento
Ao todo, a Operação Descobrimento cumpriu 43 mandados de busca e apreensão e sete de prisão preventiva no Brasil e em Portugal. No Brasil, os mandados são cumpridos nos estados de Mato Grosso, São Paulo, Bahia, Rondônia e Pernambuco.
As investigações começaram após a apreensão de 535 kg de cocaína em um jato executivo pertencente a uma empresa portuguesa ligada a Rowles Magalhães, em fevereiro do ano passado, em Salvador.
Conforme a PF, a partir de então foi possível identificar a estrutura da organização criminosa atuante nos dois países, composta por fornecedores de cocaína, mecânicos de aviação e auxiliares (responsáveis pela abertura da fuselagem da aeronave para acondicionar o entorpecente), transportadores (responsáveis pelo voo) e doleiros (responsáveis pela movimentação financeira do grupo).
Em Mato Grosso, a Polícia Federal cumpriu um mandado de prisão contra o ex-secretário de Estado de Ciência, Tecnologia e Inovação (Secitec), Nilton Borgato. Ele se lançou pré-candidato a deputado federal para as eleições deste ano.
A prisão ocorreu em um prédio na região da Avenida do CPA, em Cuiabá.
A PF também cumpriu em Mato Grosso um mandado de busca e apreensão no apartamento de Rowles Magalhães, em Cuiabá. Foi apreendido cédulas em dólares e euro – que até o momento não foram contabilizadas –,relógios da marca Rolex e bolsas e acessórios das marcas Valentino, Prada, Louis Vuitton, Yves Saint Laurent e Chanel.
Quem é Nelma Kodama?
Nelma Kodama atuava em parceria com o doleiro Alberto Youssef, um dos alvos centrais e delator da Lava Jato. Em outubro de 2014 ela foi condenada, em primeira instância, a 18 anos de prisão por corrupção, evasão de divisas e organização criminosa.
De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), a doleira tentou fugir para Itália com 200 mil euros escondidos na calcinha ao saber que estaria sendo investigada pela Polícia Federal. Sua prisão ocorreu em março de 2014 no Aeroporto Internacional de Guarulhos.
Ela ficou conhecida após cantar a música “Amada Amante”, em 2015, durante um depoimento na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Petrobras. Na ocasião, ela disse que os euros apreendidos com ela no Aeroporto de Guarulhos não estavam na calcinha.
Em 2016, fechou acordo de delação premiada e deixou a cadeia. Ela passou a ser monitorada por tornozeleira eletrônica.
Ao todo, a Operação Descobrimento cumpre 43 mandados de busca e apreensão e sete de prisão preventiva no Brasil e em Portugal. No Brasil, os mandados são cumpridos nos estados de Mato Grosso, São Paulo, Bahia, Rondônia e Pernambuco.
Ela renunciou à continuidade do processo de defesa contra a extradição para colaborar com a Justiça brasileira e comprovar que não tem ligação com o tráfico internacional de drogas”, informa Santiago Andre Schunck.
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