Familiares de Alexandre e apoiadores de Paccola lotam sessão que votará cassação

Rafael Machado

Repórter | Estadão Mato Grosso

Tarley Carvalho

Editor Online | Estadão Mato Grosso

A Câmara Municipal de Cuiabá deu início nesta manhã de quarta-feira, 5 de outubro, à sessão que votará o pedido de cassação do mandato do vereador Tenente Coronel Paccola (Republicanos). A sessão é acompanhada por apoiadores do parlamentar e familiares e amigos do agente socioeducativo Alexandre Miyagawa, morto a tiros pelo vereador no dia 1º de julho deste ano, em Cuiabá.

As galerias foram divididas: à esquerda está a família e amigos de Alexandre Myiagawa; à direita está a família e apoiadores do vereador, que trouxeram faixas com frases bíblicas, como João 8:32 – “E conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.”.

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Até o momento, 20 dos 25 vereadores estão presentes e cinco ausentes.

Um dos apoiadores de Paccola conversou com a imprensa antes de a sessão começar. Adolfo Gabriel se apresentou como construtor e cidadão cuiabano. Aos jornalistas, ele acusou a Câmara Municipal de estar agindo como Poder Judiciário.

“Devemos aguardar o resultado da Justiça. Eu vejo que o que está acontecendo é uma injustiça com o vereador Paccola, da mesma maneira que aconteceu com o Abílio lá atrás, eu creio que a justiça vai prevalecer e o Paccola vai voltar mais forte, se acontecer a injustiça aqui de ele ser cassado, mas eu acredito que os vereadores serão sensatos”, afirmou.

O apoiador ainda citou o caso do Hospital de Câncer de Mato Grosso (HCan), que está sem recursos para continuar operando, os escândalos de corrupção envolvendo a Saúde Municipal de Cuiabá e o caso da Santa Casa da capital, que precisou da intervenção do Governo do Estado para voltar a funcionar, devido à crise financeira.

Adolfo negou que tenha alguma relação empregatícia com o vereador.

O CASO
Alexandre foi assassinado no dia 1º de julho com três tiros nas costas. Paccola é o autor dos disparos. O caso ocorreu no bairro Quilombo, em Cuiabá, em meio a um aglomerado de pessoas e foi registrado por várias câmeras de segurança.

Testemunhas afirmaram em depoimento à Polícia Judiciária Civil (PJC) que a namorada do agente, Janaina Sá, procurava confusão com os populares e instigou o namorado a sacar a arma e a atirar nas pessoas.

Paccola, que passava de carro, viu uma confusão e desceu do veículo para averiguar. Num dado momento, alguém teria gritado que Alexandre estaria armado.

O vereador então alega que tentou abordar o agente, mas ele teria virado com a arma em punho para atirar nele, daí a reação, supostamente em legítima defesa. O depoimento é questionado pelos órgãos responsáveis.

Paccola não foi preso porque ele mesmo se apresentou à delegacia e prestou depoimento. Ele foi indiciado pela PJC por homicídio duplamente qualificado, motivo torpe e recurso que dificultou a defesa da vítima.

Na Câmara Municipal, o julgamento é político e os vereadores analisam se sua conduta viola o decoro parlamentar. A Comissão de Constituição, Justiça e Redação (CCJR) apresentou parecer pela cassação do mandato.

Estadão Mato Grosso