Empresário preso em Cuiabá trazia remédios ilegais do Paraguai
Um empresário de Cuiabá, que não teve o nome revelado, foi preso nesta quinta-feira (17) acusado de liderar um esquema internacional de compra e venda de remédios irregulares e falsos para doenças autoimunes.
O papel do empresário era encomendar os medicamentos, providenciar o transporte deles do Paraguai ao Brasil e depois intermediar o comercio varejista no território nacional.
Os medicamentos eram distribuídos em todo o País e chegaram a ser comercializados para clínicas e hospitais particulares e públicos. Em dez meses o grupo movimentou cerca de R$ 4 milhões.
De acordo com o delegado da Polícia Federal Jorge Vinícius Gobira Nunes, o principal investigado tinha uma empresa que comercializava medicamentos e outras substâncias importadas.
“A empresa era cadastrada com duas atividades principais, uma delas a comercialização de medicamentos, só que não detinha nem autorização de funcionamento, nem autorização especial por parte da Anvisa. Então jamais poderia comercializar medicamentos”, explicou.
O cadastro da empresa constava como distribuidora de medicamentos, ou seja o empresário recebia e repassava esse material.
“Não tinha um depósito de maior monta. Ele recebia os medicamentos no lugar em que funcionava uma empresa de estética da sua esposa, que também era a sede da empresa dele, mas não se tratava de um galpão muito vultoso”, afirmou.
Conforme o delegado, o esquema utilizava empresas de fachada para que esses medicamentos pudessem ser “esquentados”, ou seja, circular no País.
“Os medicamentos que tinham origem estrangeira não poderiam ser comercializados aqui, mas eram vendidos como se provenientes do território nacional fossem. Alguns compradores exigiam que esses medicamentos fossem vendidos através dessas empresas de fachada, o que por si só já constitui outro crime”, explicou.
Desdobramento
O esquema foi investigado na Operação Autoimune, deflagrada nesta quinta-feira (17) com mandados em Mato Grosso e outros seis estados do País. Esse foi um desdobramento da Operação Miastenia, deflagrada em agosto deste ano.
“Foi verificado que as pessoas envolvidas com aqueles mandados cumpridos anteriormente participavam de um esquema, de um grupo muito maior, e que tinham um grau de lesividade para a comunidade muito maior do que havia sido demonstrado”, afirmou o delegado Sérgio Mori.
“É uma operação bastante importante, pela natureza do crime que foi investigado é um crime que afeta a segurança e a saúde pública”, acrescentou.
Conforme as investigações, os medicamentos chegaram a pelo menos 17 Estados, sendo 65 municípios vítimas do grupo criminoso.