Alvo da PF, militar contesta ação: “Ordem absurda não se cumpre”

O oficial da reserva do Exército Adavilso Azevedo prestou depoimento na manhã desta quinta-feira (15) na sede da Polícia Federal, em Cuiabá, após ser alvo de uma operação contra envolvidos em manifestações bolsonaristas.

 

Em conversa com a imprensa, ele afirmou que a operação é uma maneira de “silenciamento da sociedade de bem” e “desperdício de dinheiro público”.

 

“Eu li as três páginas do [mandado] de busca e apreensão e não fala nada. Não fala o crime que a pessoa cometeu. Não fala nada. Sou um cidadão de bem, não devo à Justiça”, afirmou.

 

“Eu sou militar e toda a minha vida cumpri ordens. Sei que os policiais e delegados que estiveram na minha residência estão cumprindo ordens. Mas aprendi uma coisa na minha vida: ordem absurda não cumpre”, acrescentou.

 

A casa de Adavilso foi revirada por agentes da PF que cumpriram mandado de busca e apreensão determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o militar, um aparelho celular foi apreendido. 

 

Eu li as três páginas do [mandado] de busca e apreensão e não fala nada. Não fala o crime que a pessoa cometeu. Sou um cidadão de bem, não devo à Justiça

Adavilso se disse indignado com a determinação do ministro. Para ele, Alexandre de Moraes deveria apresentar “provas” ao determinar os mandados de busca e apreensão.

 

“Se o Alexandre de Moraes está querendo ouvir, que ele apresente as provas na mesa. A gente não pode ser enquadrado pela polícia sem saber pelo que esta respondendo”, afirmou.

 

“Eu não cometi crime nenhum. Se cometi algum crime, ele tem que mostrar o que é. Vejo isso como pressão para calar a sociedade de bem que está se levantando no Brasil”, disse.

 

Desperdício 

 

O militar revelou que cerca de 30 agentes da PF vasculharam sua casa em busca de eletrônicos, e – ao que ele acredita – armas e munições, mas nada foi encontrado. Para Adavilso, a operação é um “desperdício de dinheiro público”.

 

“Onde já se viu você disponibilizar 30 policias federais, pessoal do GPI [Grupo de Pronta Intervenção] para ir na casa de um cidadão de bem? Era só ter me ligado. E não sou só eu. Sei que vários amigos aqui de Cuiabá, de Mato Grosso, que estão recebendo mandado de busca e apreensão. Qual o crime a gente cometeu?”, questionou.

 

Depoimento

 

O militar, que é caminhoneiro e foi candidato a deputado estadual pelo PL, sigla de Bolsonaro, afirmou que não participou, tampouco financiou, manifestações antidemocráticas.

 

Os atos ocorrem em todo Brasil desde a vitória do presidente eleito Lula (PT) nas urnas. Os manifestantes questionam a legitimidade do sistema eleitoral, e pedem intervenção e “socorro” às forças armadas em frente à quarteis militares. 

 

Eu não cometi crime nenhum. Se cometi algum crime, ele tem que mostrar o que é

“Eles [PF e STF] querem saber se eu organizei e financiei as manifestações. Eu não participei dessas manifestações”, afirmou.

 

A operação

 

Adavilso é um dos 20 alvos de busca e apreensão da Polícia Federal na operação deflagrada na manhã desta quinta-feira (15). Em todo o Brasil, são mais de 100 mandados.

 

Além de Mato Grosso, a PF faz buscas nos estados do Acre, Amazonas, Mato Grosso do Sul, Distrito Federal, Paraná e Santa Catarina.

 

Moraes também ordenou o bloqueio de redes sociais de diversos alvos e contas bancárias dos investigados.

 

No último dia 7, Moraes já havia multado em R$ 100 mil os proprietários dos caminhões identificados pelas autoridades de Mato Grosso envolvidos em atos.

 

Moraes também tornou esses veículos indisponíveis — ou seja, proibiu a sua circulação e bloqueou seus documentos. A decisão ocorreu após ele ter determinado a adoção de providências para o desbloqueio de rodovias e espaços públicos no estado.

 

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