Brasil aprendeu a conviver com problemas e tem medo de resolver, diz Mauro Mendes
Assessoria
O governador Mauro Mendes (União) voltou a defender o confisco de propriedades rurais de quem comete desmatamento ilegal. A ideia foi apresentada na Conferência do Clima (COP 27) e vem causando polêmica em alguns setores. Porém, o governador cita que a legislação já prevê sanções semelhantes para quem planta maconha ou produz cocaína nas propriedades.
Segundo Mauro, a ideia é endurecer a pena para esse tipo de crime para inibir qualquer prática. Apesar das multas altas, o governador entende que os mecanismos não estão funcionando e a ausência de uma medida mais dura já tem prejudicado a imagem do Brasil e de Mato Grosso no exterior, preocupado com os caminhos do meio ambiente.
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Durante entrevista nesta quinta, Mauro disse que essa foi uma ideia ‘jogada à mesa’ para ser discutida, pois o Brasil não pode continuar convivendo com esse problema, praticado por 1% dos produtores, segundo ele.
“Isso traz um dano gigantesco para o meio ambiente, um dano gigantesco para a economia, para as nossas exportações e para toda a população, nós temos que tentar algo novo”, reforçou o gestor. “As pessoas temem aquilo que é muito duro, nós aplicamos quase R$ 5 bilhões em multa e não está resolvendo o problema”, completou.
Essa questão leva inúmeros problemas para o comércio exterior brasileiro, que precisa se esforçar para demonstrar que os produtos não possuem origem de desmatamento ilegal ou de trabalho degradante para os nossos compradores. Especialista ouvido pela reportagem em ocasiões anteriores disse, sob anonimato, que o país estava quase entrando na clandestinidade.
Diante da não solução, o mundo já está tomando providências contra o Brasil. A União Europeia, por exemplo, está discutindo um projeto de lei que visa vetar a importação de todos os produtos oriundos de desmatamento, seja ele legal ou ilegal. Isso tem um grande impacto, pois apesar da UE não ser a principal parceira comercial do Brasil, é formadora de opinião.
“A lei deles, que eles tão fazendo lá, que vai valer comercialmente para o Brasil, é muito mais severa do que essa. Nós temos uma legislação muito dura, que é o Código Florestal brasileiro, porém não cumprimos!”, disse.
“O Brasil é um país que a gente aprendeu a conviver com os problemas e tem medo de resolvê-los com atitude um pouco mais dura, determinativa e resolutiva”, completou.
Caso a medida vá para frente, ela deve ser discutida pela Câmara dos Deputados e Senado Federal, pois não é um assunto da competência dos Estados. Em Mato Grosso, Mauro disse que está fazendo tudo que é possível e está estudando outras medidas para combater os crimes ambientais.
O gestor também admitiu as falhas da Secretaria Estadual de Meio Ambiente (Sema) para emitir as autorizações para autorizar o desmatamento legal e que já autorizou a contratação de 30 técnicos para trabalharem no CAR, Cadastro Ambiental Rural.