“É bom já ir se acostumando”

Uma vez que não consegui ser inédito no título deste artigo, pois o resgato de um outdoor, salvo engano de 2017, farei, ao menos, considerações a respeito de sua construção linguística, vinculada ao nosso cotidiano político, vivido durante o governo de Jair Bolsonaro, que, ao que tudo indica, tornará sem sentido aquelas frases de efeito, pronunciadas em 31 de outubro pp.: “Só Deus me tira da cadeira presidencial. E me tira, obviamente, tirando a minha vida”. 
 
Frases de efeito – ou de defeito – à parte, o fato é que, a primeira vez que li o enunciado “É bom já ir se acostumando”, me lembro de tê-lo considerado inteligente, pois a junção do advérbio de tempo “já” com o verbo “ir”, um irregular da terceira conjugação, no infinitivo, resultava em uma cacofonia – geralmente inserida em trocadilhos, também conhecidos como calembur – que deixava sobressair, no centro daquela elaboração, o nome do atual presidente da República (já ir), à época, apenas um candidato vindo do mais baixo clero do Congresso Nacional.
 
Dali para diante, o então e mero candidato, sempre identificado com pautas ultraconservadoras da extrema direita, conseguiu catalisar toda repulsa que o anti-lulopetismo oferecia por conta de suas corrupções no passado.
 
Portanto, antes que suas próprias qualidades, foram os defeitos (e pecados quase mortais) do oponente a sua verdadeira alavanca para subir a rampa do Planalto em janeiro de 2019, agora, já com os tapetes vermelhos estendidos para ver Lula subi-lo pela terceira vez. Quem diria!?!
 
A despeito de eu ter achado inteligente o enunciado de que estou tratando, o fato é que, em 2017, não levei f&eacute…

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