Médica e agente de saúde foram esfaqueadas em posto de saúde

O caso do pedreiro Antônio Anderson Ferreira Lima, que invadiu um consultório da unidade de Estratégia Saúde da Família (ESF), em Primavera do Leste (240 km a nordeste de Cuiabá) e esfaqueou duas profissionais da saúde chocou os mato-grossenses. O crime aconteceu no dia 25 de agosto.

 

As vítimas foram a médica Jaqueline Matos da Croce, de 31 anos, que estava grávida de quatro meses na época, e a agente de saúde Regy Rouse Lopes de Oliveira, de 51 anos, que morreu no hospital.

 

O assassino chegou na unidade por volta das 14h30 e aguardou no saguão de espera enquanto a médica atendia outra pessoa. Como o ataque era planejado, ele levou consigo uma faca, que estava escondida em sua bermuda.

 

Assim que a consulta terminou, ele invadiu a sala e, surpreendendo Jaqueline, desferiu várias facadas no abdômen dela. O criminoso só parou o ataque quando uma testemunha foi para cima dele, mas Antônio acabou conseguindo fugir.

 

Quando saía da unidade, ele encontrou Regy, que também acabou sendo esfaqueada no peito. Em seguida, ele foi embora do local. Ele chegou a gravar um vídeo logo após o crime.

 

As duas mulheres foram socorridas e encaminhadas em estado grave ao hospital, porém Regy não resistiu, e acabou morrendo na noite do dia 25.

 

A Polícia Militar o encontrou na região pouco tempo depois, momento em que ele tentou se desfazer da faca utilizada nos ataques. Após ser preso, ele e a arma branca foram levados à delegacia.

 

O depoimento 

 

Na delegacia, Antônio disse que teria sido mal atendido na unidade de saúde, por isso teria ido até o local se vingar.

 

A afirmação, entretanto, foi desmentida pela secretária Municipal de Saúde de Primavera do Leste, Laura Leandra. Segundo ela, não foi encontrada nenhuma reclamação de mau atendimento no ESF.

 

Conforme Leandra, Antônio era paciente da unidade e do Caps (Centro de Atenção Psicossocial), onde, desde 2020, fazia acompanhamento com psicólogos, assistentes sociais e psiquiatras, mas não frequentava o centro há cerca de um ano.

 

Internação e alta da médica

 

Após o ataque, Jaqueline, que recebeu quatro facadas, foi encaminhada ao Hospital das Clínicas do Município, onde passou por cirurgia no dia 26 e em seguida foi internada na UTI (Unidade de Terapia Intensiva).

 

Apesar de estar fora de risco de vida, o quadro da médica não era estável. Por isso, ela ficou na UTI até o dia 30, quando foi transferida para um quarto comum.

 

Dois dias depois, em 1º de setembro, ela recebeu alta do hospital e pôde retornar para casa.

 

Atualmente, segundo o cardiologista Leandro da Croce, irmão da médica, já no final da gravidez, ela aguarda entrar em trabalho de parto ainda nesta semana.

 

“Ela se recuperou bem mas está com síndrome do pânico. Ela não fica nenhum momento sozinha… fica de dia com minha mãe e a noite com o marido”, relatou.

 

“[Mas] O bebê está bem, tá previsto pra nascer ainda essa semana”.

 

Exame de sanidade

 

No dia 16 de dezembro, o juiz da 1ª Vara Criminal de Primavera do Leste, Alexandre Delicato Pampado, determinou a realização de exames periciais para avaliar a sanidade mental de Antônio.

 

Conforme Pampado, o pedido foi requerido pela Defensoria Pública, que atende o acusado. 

 

O objetivo do exame, conforme o magistrado, é “atestar a condição mental” do homem, tanto atual quanto no momento em que cometeu o crime.

 

“Considerando que há dúvidas a respeito da sanidade mental do acusado, se faz necessária a instauração do competente incidente”, consta em trecho do documento.

 

O juiz, então, estabeleceu que alguns questionamento fossem esclarecidos através da avaliação psicológica, como:

 

Se por doença/perturbação da saúde mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, o acusado era inteiramente incapaz de entender o caráter criminoso da ação no momento do crime; se ele é portador de alguma doença mental, seja ela permanente ou transitória.

 

Atualmente, Antônio está preso preventivamente na Cadeia Pública de Paranatinga.

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