Juíza critica “certeza de impunidade” e decreta prisão preventiva

A Justiça decretou a prisão preventiva do empresário Carlos Alberto Gomes Bezerra, que confessou ter assassinado a ex-companheira, Thays Machado, de 44 anos, e o namorado dela, Wilian Cesar Moreno, de 30.

 

A decisão é assinada pela juíza Ana Graziela Vaz de Campos Alves Corrêa, da 1ª Vara Especializada de Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher de Cuiabá.

 

O crime ocorreu nesta quarta-feira (18), em frente ao edifício Solar Monet, no Bairro Consil.

 

Carlos, que é filho do deputado federal Carlos Bezerra (MDB), foi preso em flagrante pela Polícia Civil horas depois do crime, em uma fazenda da família, em Campo Verde.

 

Na decisão, a magistrada afirmou que a liberdade do acusado representa “grande risco para a ordem pública e a aplicação da lei penal”, citando o fato dele ter fugido do local do crime. 

  

Disse ainda que ele acreditava na impunidade, “alimentadas pela posição social ostentada pelo mesmo e pelos laços de parentesco com seu pai, o ex-senador, ex-governador do Estado, ex-prefeito do munícipio de Rondonópolis e deputado federal, Carlos Bezerra”, escreveu.

 

Contudo, era justamente a posição social ostentada pelo custodiado, o estudo e a experiência de vida que, em casos semelhantes deveria impedir que o mesmo atentasse contra a vida de qualquer pessoa, mas que, em análise preliminar neste momento, alimentou a certeza da impunidade”, escreveu.

 

“Em que pese as famílias cuiabanas ao longo de décadas terem consagrado o “é gente de quem” como forma de assegurar-se sobre a companhia de seus filho(a)s, neste caso, tristemente, a procedência familiar do custodiado não bastou para respaldar sua conduta moral. Gente de quem, não é, infelizmente, necessariamente sinônimo de gente de bem”, escreveu.

 

A magistrada ainda afirmou que o “crime praticado abalou severamente a ordem pública pela crueldade de se matar duas pessoas, que minutos antes da prática do crime estavam conversando, sorrindo, de mãos dadas”. 

 

Ela ainda chamou de “frágil” e “estapafúrdia”a a justificativa apresentada pelo acusado em depoimento à Polícia Civil.

 

Ele alegou ter cometido o crime por conta de uma suposta “neuropatia diabética” que haveria lhe “descompensado emocionalmente”. 

 

“Primeiro pelos indícios de que seu ‘descompasso emocional’ é muito anterior ao crime e tem outras origens que não a doença diabetes e segundo porque a alegada neuropatia diabética não tem como sintoma a agressividade, o descontrole e nem a violência capaz de levar a prática de um feminicídio e um homicídio qualificado, tendo, prima facie e salvo melhor juízo, como sintomas tão somente a afetação dos nervos periféricos das extremidades do corpo (mãos e pés), não possuindo qualquer afetação neurológica capaz de alterar o comportamento do custodiado”, afirmou. 

 

O crime

 

O casal foi até o edifício, onde mora a mãe de Thays para deixar um veículo na garagem. Ao sair na portaria para aguardar a chegada de veículo de transporte por aplicativo, as vítimas foram surpreendidos pelo assassino, que conduzia um Renault Kwid, e passou a fazer os disparos contra Thays e Willian, que morreram ainda no local.

 

A perícia preliminar de criminalística da Politec constatou que Thays foi atingida por três disparos, sendo dois nas costas e um na altura do quadril.

 

Willian, mesmo atingido no braço esquerdo e no peito com três disparos, ainda tentou fugir do atirador, mas caiu na calçada, a poucos metros de Thays.

 

Conforme os primeiros levantamentos realizados pela equipe da DHPP, Thays e William estavam em um relacionamento, mas a mulher vinha sofrendo ameaças do ex-companheiro e suspeito do crime.

 

Ela teria comentado com familiares que estava sendo ameaçada de morte e ia registrar um boletim de ocorrência contra o agressor.

 

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