Reforma penal e fogo amigo
PMMT
Neste final de semana , tive acesso a um vídeo , que confesso fiquei perplexo, estarrecido e muito preocupado, pois pela “naturalidade” que o assaltante realizou o seu reality show, e também sociedade e mídia que tratou de forma silenciosa e natural.
O vídeo viral acima é de um rapaz que rouba dois carros numa live. A primeira vítima é abordada dentro do carro sob a mira do revólver e da câmera do celular num corte pensado para bombar.
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Ao entrar no carro e acelerar ele desata risos e debocha à maneira dos vilões. Segue mais um pouco em velocidade e, como num reality em que atua, realiza o segundo assalto trocando de carro.
As cenas chocam pelo exibicionismo, pela ausência de temor e agudo sentimento de impunidade do criminoso, considerando-se que tudo é transmitido pelo próprio assaltante, orgulhosamente.
Cenas como essa nos indignam. Nos concitam lutar por um concerto de vozes que clamem por justiça e um basta à impunidade, na forma de leis rigorosas e respaldo, sobretudo apoio ao trabalho policial.
Nas últimas semanas fui convocado a responder por ações policiais que prima facie são legítimas, têm boa-fé como princípio e estão sendo investigadas de forma plena e imparcial. Estamos combatendo o crime organizado em Mato Grosso com todas as forças necessárias, pois precisamos em determinadas localidades enfrentar verdadeiramente essas organizações, mesmo que seja necessário o confronto direto.
Nesse contexto, merece reflexão certo viés de análise ora na mídia ora nas redes, que tem sede na crítica pela crítica, a nos ver como “opressores” e “violentos”, a carregar a tinta na presunção do erro e do excesso numa ânsia por pré-julgamentos que, somando-se, acabam descredibilizando a polícia de modo geral e desencorajando a tropa.
Em vista do absurdo de quem assalta impunemente para ganhar likes, precisamos, mais do que nunca, respaldar a quem se deve e assim estabelecer que a Polícia Militar sempre está ao lado, e não contra, o cidadão. Que num eventual confronto é a polícia quem estará com a razão via de regra. Pois, a quem interessa uma polícia em permanente suspeição? Sitiada pela crítica feroz? Antagonista da opinião pública?
Empenhar confiança a quem com a vida se sacrifica numa sociedade onde o crime rende engajamento, indica saúde moral, lucidez de uma sociedade que ainda se indigna com cenas como as do vídeo.
Confiar na PM, sem carta branca ou fideísmo cego, representa em nossos dias estar ao lado da vida que quer viver dignamente; dos milhões que não querem ser arrancados violentamente do patrimônio que conquistou com suor, quando não têm, o que é ainda pior, seu maior patrimônio retirado: a vida.
Assim como fui convocado a explicações por ações policiais, reflito com você que me lê: por que não nos indignar e convocar responsáveis por urgentes mudanças no sistema punitivo; no agravamento das penas e no cárcere em regime fechado como meio efetivo para ressocializar, seja por meio do trabalho árduo como contraprestação social seja pela educação?
Por que, ao invés da posição antipolícia, não convocamos, irmanados no mesmo fim, os devidos responsáveis para responder porque aqueles que a polícia prende estão soltos em poucos meses? Em poucos dias, por vezes.
Não seria tempo de uma profunda reforma penal no Brasil?
Por trás de cada farda pulsa a mesma indignação de quem sofre o agravo. Digo ao cidadão: estamos lutando batalhas do mesmo lado, na esperança de dias sem fogo amigo, em prol do objetivo comum: combater o crime, aplicar a lei e preservar a paz social. Servindo e protegendo.
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ALEXANDRE CORRÊA MENDES é comandante-geral da Polícia Militar de Mato Grosso