“Assassinato do meu filho ficou impune”, diz mãe de menor envenenado

A autônoma Dani Cristina Perpétuo da Silva Souza, de 33 anos, falou sobre o sentimento de injustiça que a assolou depois da morte do comerciante Adônis José Negri, de 70 anos. O idoso seria julgado no dia 28 de fevereiro por envenenar o achocolatado que matou o filho dela. 

Eu fiquei revoltada, indignada, ele morreu sem justiça. Foram sete anos para nada. Agora é uma ferida para o resto da vida, sabendo que ele não vai ter justiça

 

O pequeno Rhayron Christian tinha 2 anos recém completados quando tomou a bebida envenenada, em 2016. No início pensou-se que era algum problema no lote da marca e o caso ganhou repercussão nacional.

 

“Eu fiquei revoltada, indignada, ele morreu e não teve justiça. Foram sete anos [de processo] para nada. Agora é uma ferida para o resto da vida, sabendo que ele não vai ter justiça”, afirmou.

 

“A morte do meu filho ficou impune, essa é minha raiva, minha indignação”, acrescentou.

 

Com a morte de Adônis o processo, que se estendia por sete anos, foi extinto sem nenhum desfecho.

 

O comerciante já estava morto há mais de dois anos quando o juízo foi marcado. A morte dele foi registrada no dia 21 de março de 2020. Porém, o processo somente foi extinto este ano.

 

“Como a Justiça intima uma pessoa morta? Como eles não sabiam? Será que ele morreu mesmo? Eu tenho minhas dúvidas”, disse Dani Cristina, que ficou sabendo da extinção do processo pela imprensa.

 

“Todos em casa estão revoltados. Eu passei os últimos dias indo ao cemitério para ver o meu filho. Fiquei deprimida naquela época e agora quase voltou de novo, mas ainda tenho duas crianças para tocar para frente, não posso abandoná-los”, afirmou.

Reprodução

Rhayron Christian

Rhayron Christian tinha acabado de completar dois anos quando faleceu

 

Além da extinção do processo, a declaração feita pela defesa do comerciante revoltou a família. Segundo o advogado Raul Claudio Brandão, que defendia o idoso, havia elementos suficientes para absolver o homem.

 

“O advogado queria justiça pelo nome dele? O cara tirou a vida de uma criança e ainda quer justiça pelo nome dele?”, questionou a mãe.

 

“Quer absolvição sendo que ele é um assassino. É certo que ele não queria matar o meu filho e, sim, o usuário de drogas, mas Deus o castigou e fez matar um anjo”, disse ela.

 

Adônis foi denunciado pelo Ministério Público Estadual (MPE) pelo crime de homicídio qualificado por emprego de veneno.

 

Segundo a denúncia, o veneno foi colocado por Adônis no achocolatado para se vingar de um assaltante que estava furtando sua casa e comendo alimentos de sua geladeira.

 

O caso

 

O suposto assaltante do qual Adônis queria se vingar vendeu um pacotinho com três achocolatados, lacrado, e um litro de leite no valor de R$ 10 para o pai de Rhayron.

 

A mãe lembra com detalhes o dia em que tudo aconteceu. “Eu chacoalhei o Todinho dei um gole e depois dei para ele tomar”, relembrou.

 

“Era tudo normal, o gosto era o mesmo, só um pouco mais pesado na hora de você dar o gole”.

 

O menino foi levado para a Policlínica do Coxipó e, ao chegar lá, teve duas paradas cardiorrespiratórias. Rhayron morreu pouco tempo depois.

 

“Ficamos desestabilizados na época, entrei em depressão e tentei me matar várias vezes. Era um anjinho, muito pequenininho, era brincalhão e muito carinhoso”, afirmou Dani Cristina.

 

“Para nós parece que ele foi viajar, não caiu ainda a ficha de que ele faleceu. Se eu colocar isso na minha mente, não vivo”.

 

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