De boca fechada – Agora MT

O presidente Lula achou um absurdo a Petrobrás distribuir mais de R$ 200 bilhões entre os acionistas da Companhia. Para Ele, metade desse valor deveria ser investido no crescimento do país. Perdeu outra oportunidade de ficar com a boca fechada.

Acho que o presidente não está muito acostumado com empresa estatal dando lucro, mas vamos lá. Depois da revelação do maior escândalo de corrupção da história da humanidade, caso que ficou conhecido como “petrolão”, a Petrobrás ficou desmoralizada mundo afora. Acionistas estrangeiros venderam suas ações rapidamente e o valor da S/A derreteu na BOVESPA. Sem valor de mercado, a Petrobrás não tinha mais capacidade de endividamento e, por consequência, não dispunha de recursos para custear investimentos e operações.

Para colocá-la novamente nos holofotes dos investidores, o ex-presidente Jair Bolsonaro promoveu reformas administrativas para alterar as regras de governança da petrolífera e estabeleceu, em estatuto, que os lucros aferidos doravante seriam distribuídos entre seus investidores. Como num passe de mágica, a Petrobrás captou bilhões de reais em investimentos, viabilizando suas atividades.

O lucro bilionário da gigante estatal não aconteceria sem o investimento de dinheiro privado, o dos acionistas, sendo que estes jamais teriam em seus portfólios papéis da Petrobrás se as regras de distribuição de lucros fossem outras. E agora que a companhia recobrou sua imagem no mercado financeiro mundial, honrando seus compromissos para com os investidores e mantendo a corrupção do portão para fora, vem o presidente Lula dizer que tudo está errado e que “…no nosso tempo, a Petrobras ajudava o Brasil”. Não, Lula, no seu tempo, a Petrobrás ajudava seus comparsas de crime, drenando os cofres da empresa via contratos superfaturados decorrentes de licitações feitas com cartas marcadas. Isso sim.

O presidente Lula poderia abrir a boca para falar do retorno criminoso de invasões de terras produtivas no Brasil. Essa semana, uma fazenda da Suzano, empresa que produz papel e celulose e emprega mais de 7 mil trabalhadores, no sul da Bahia, foi alvo do MST. Eles alegam que há um acordo com a empresa, o que é negado, realizado há 10 anos, para a doação de uma área para fins de reforma agrária. A única palavra do (des)governo até aqui foi a dada pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Paulo Teixeira, afirmando que “as partes deveriam entrar em acordo”. Partes? O MST é parte de que com a Suzano? Não é parte coisa nenhuma. Sentar-se para conversar com invasores de terra seria o mesmo que sentar-se para entrar em acordo com o ladrão que entrou em casa.

O Movimento do Trabalhadores Sem Terra busca interesses legítimos, como a reforma agrária e o assentamento de trabalhadores, mas não os pode perseguir ilegitimamente. Invadir terras não dá para aceitar. Vou esperar para ver o que o presidente Lula tem a dizer sobre isso. Se for para falar bobagens, como o fez no caso do lucro da Petrobrás, é melhor ficar quieto.

Agora MT