Delegado diz que assassino de ex-namorada foi “frio, calculista e sem arrependimento”
O delegado Hércules Gonçalves Batista, da Delegacia Especializada em Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), classificou como “frio, insensível e sem arrependimento” o técnico de informática Antônio Aluízio da Conceição Marciano, de 20 anos, que matou a facadas a ex-namorada Emily Bispo da Cruz, no bairro Pedra 90, em Cuiabá.
Em conversa com a imprensa, na manhã desta sexta-feira (17), o delegado disse ter certeza de que o crime foi premeditado por Antônio.
Emily foi morta na manhã de quinta-feira (16), no momento em que ia deixar o filho dela, de apenas quatro anos, na creche. A criança presenciou toda a cena e não desgrudou da mão da mãe no momento do feminicídio.
“Ele premeditou o crime. Ele conhecia a rotina da vítima. Ela saía todo dia cedo para levar o filho à creche e ele ficou circulando ali e aguardando o momento que ela saiu da residência. Ele abordou e, infelizmente, aplicou mais de 15 golpes de faca”, afirmou.
“Ele foi impiedoso […] Ele é réu confesso, insensível. Ele diz que está arrependido, mas a gente sente quando alguém manifesta de maneira espontânea o sentimento. Ele é frio, calculista e premeditou”, acrescentou.
O delegado da DHPP revelou que Antônio pediu uma moto emprestada de um amigo e, armado com uma faca, esperou o momento de Emily sair de casa. O dono da moto usada foi identificado e já foi ouvido pela Polícia. Por enquanto, não há evidência de que o homem tenha participação no feminicídio.
“Esperou o momento dela levar o filho à creche. Ceifou a vida de uma mulher que tinha um filho, na presença do menor de idade, provocando traumas irreversíveis na vida de uma criança”, disse.
Relação conturbada
Ceifou a vida de uma mulher que tinha um filho, na presença do menor de idade, provocando traumas irreversíveis na vida de uma criança
Conforme Batista, a relação dos dois era conturbada e cheia de ameaças.
Emily teria confidenciado a amigos que tinha medo de Antônio. Tanto que chegou a dormir na casa de vizinhos para se proteger do ex-namorado.
“Ele já invadiu a quitinete em outros momentos. Familiares relataram que ela foi mantida em cárcere privado na casa dele. Eles não moravam juntos. Era vítima de constantes agressões e ameaças”, contou o delegado.
“A vítima já pediu proteção de amigos e amigas e dormia em outra residência com medo do acusado”, afirmou.
Apesar do medo, o delegado afirmou que Emily não procurou a Polícia para registrar boletim de ocorrência.
Fuga
Segundo o delegado, Antônio, que é natural do Pará, pretendia fugir para lá após cometer o crime. Ele explicou que há alguns dias o assassino chegou a comprar uma passagem com destino ao estado.
“A gente encontrou registro que ele teria adquirido uma passagem há alguns dias. Felizmente, conseguimos encontrá-lo e prendê-lo”, disse.
O crime
Câmeras de segurança resgistraram o instante em que Antônio chega em uma moto Honda Biz e vai na direção da ex-namorada. Na sequência, ele tenta impedir que ela siga com o filho e chega a puxar o cabelo dela.
Na sequência, ele retira uma faca da cintura e golpeia Emily, que cai na calçada. Ela foi atingida ao menos dez vezes, sendo no tórax, abdômen e braço.
Socorrida por populares, ela foi encaminhada à Policlínica do Bairro Pedra 90, mas não resistiu à gravidade dos ferimentos.